DEU EM O GLOBO
Cristiane Jungblut
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, assumiu ontem tom mais cauteloso em relação à intenção de processar a vice-procuradora geral eleitoral, Sandra Cureau. Na véspera, Dutra havia sido enfático ao dizer que o partido tomaria ontem a decisão de entrar ou não com uma representação contra a procuradora junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Em seu Twitter, no fim de semana, Dutra chegou a afirmar que estavam coletando material sobre a atuação da procuradora. Ontem, ele disse que o caso ainda está sendo analisado com a área jurídica do partido.
Dirigentes petistas continuavam irritados com as declarações de Sandra Cureau e dispostos a enfrentar o desgaste político, mas estavam sendo aconselhados, inclusive por assessores jurídicos, a não o fazer. O que mais irritou o comando do PT foi a declaração da procuradora de que o presidente Lula deveria "fechar a boca".
Ontem, Dutra e o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), adotaram o discurso de que não se trata de uma "perseguição" ao Ministério Público. Segundo Dutra, o partido continua estudando o assunto.
- Neste momento, não temos elementos para nos manifestarmos sobre o assunto - desconversou Dutra.
Pouco depois, em entrevista às rádios, Dutra foi cauteloso:
- Isso não significa nenhuma afronta à instituição.
Na mesma linha, Cardozo disse que entrar com ação contra alguém não significa perseguição. Mas o PT continua coletando material sobre a atuação da procuradora. A tese daqueles que defendem uma ação junto ao CNMP é a de que Sandra Cureau não pode falar fora dos autos dos processos. E alegam que ela faz isso com frequência.
Os petistas acham que Sandra não poderia ter feito comentários sobre a atuação de Lula, em entrevistas à imprensa. Houve reclamações de que Sandra não citou o governador de São Paulo, Alberto Goldman, que também citou o candidato José Serra em vários discursos durante eventos oficiais.
No caso da atuação em si da procuradora, o PT ainda está fazendo um levantamento para saber se ela penderia para algum lado na disputa eleitoral. Mas ontem mesmo os dirigentes reconheceram que foi uma iniciativa da procuradora que resultou na multa de R$5 mil imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a Indio da Costa. O PT havia entrado com a ação, que foi arquivada por falha processual. Foi quando a procuradora assumiu a ação.
Mas há alguns petistas que estão preocupados, por outro lado, com o tom do presidente Lula, que, depois das críticas de Sandra Cureau, se referiu indiretamente a ela como "uma procuradora qualquer aí...". Segundo um dirigente, Lula já foi alertado, mas é "incontrolável".
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