DEU NO JORNAL DO BRASIL
O candidato José Serra, na condição de pretendente ao lugar para o qual se elegeram e se reelegeram o presidente Lula e seu antecessor Fernando Henrique, declarou-os mais parecidos do que parece por terem desanimado diante das dificuldades de fazer a reforma política. Não disse mais, nem lhe foi perguntado, por desnecessário, mas outras semelhanças os separam politicamente. A mais contundente tem sido a reeleição, cuja iniciativa coube a Fernando Henrique e cuja contestação veemente, feita por Luiz Inácio Lula da Silva, não o impediu de ter o mesmo procedimento. Nivelaram-se na capacidade de se declararem contra o segundo mandato consecutivo e não se conterem diante da oportunidade eleitoral.Um gostaria de ter sido o outro exatamente porque, em doses iguais, o que falta a um sobra no outro. E vice-versa. Serra está imune ao risco de ser contestado, porque a sucessão deixaria de ser real para se tornar virtual entre Fernando Henrique e Lula. Contra esse risco a democracia está garantida, pelo menos no próximo mandato.
Conheço bem os dois e posso garantir que são mais parecidos do que parece: estas palavras, mesmo que desagradem aos dois, ficam para a história não escrita, mas com a mão do tempo acabarão na outra. Serra podia ter acrescentado que eram ambos contra a reeleição, e que um fez e o outro disse que acabaria com ela, mas se elegeram e se reelegeram, e ela continua aí, no meio do caminho da democracia, como aquela pedra no poema de Carlos Drummond. Na avaliação pessimista dos efeitos da reeleição, a diferença que parece separá-los não convence. Serra ainda disse que (se eleito, claro) vai peitar o verbo exato para o desafio o Congresso Nacional e fazer a reforma política. Somente se for no começo do mandato, antes que a reeleição lhe suba à cabeça como cabelo. Melhor começar pelo fim, isto é, pela retirada da reeleição. Se o fruto proibido da República lhe apetecer, a reforma pedirá as contas.
Se o candidato social-democrata disser que vai acabar com a reeleição, seu potencial político, só por esse lance dobrará de uma pesquisa eleitoral para outra numa semana. E deixará Dilma Rousseff em sinuca de bico. Reeleição pode ser boa para os Estados Unidos, mas já ficou demonstrado que pouca coisa que seja boa por lá por aqui se aplica com alguma vantagem. Afinal, a reforma política não passa de um sentimento de culpa republicano de longa data. Mas, quando a hora de fazê-la parece aproximar-se, converte-se naquela homenagem suspeita que os vícios do presidencialismo prestam à República, quando os políticos cortejam reformas para passar a limpo (por estar suja) a vida pública para deixar tudo apenas com outra aparência e não como deveria ser.
O candidato José Serra, na condição de pretendente ao lugar para o qual se elegeram e se reelegeram o presidente Lula e seu antecessor Fernando Henrique, declarou-os mais parecidos do que parece por terem desanimado diante das dificuldades de fazer a reforma política. Não disse mais, nem lhe foi perguntado, por desnecessário, mas outras semelhanças os separam politicamente. A mais contundente tem sido a reeleição, cuja iniciativa coube a Fernando Henrique e cuja contestação veemente, feita por Luiz Inácio Lula da Silva, não o impediu de ter o mesmo procedimento. Nivelaram-se na capacidade de se declararem contra o segundo mandato consecutivo e não se conterem diante da oportunidade eleitoral.Um gostaria de ter sido o outro exatamente porque, em doses iguais, o que falta a um sobra no outro. E vice-versa. Serra está imune ao risco de ser contestado, porque a sucessão deixaria de ser real para se tornar virtual entre Fernando Henrique e Lula. Contra esse risco a democracia está garantida, pelo menos no próximo mandato.
Conheço bem os dois e posso garantir que são mais parecidos do que parece: estas palavras, mesmo que desagradem aos dois, ficam para a história não escrita, mas com a mão do tempo acabarão na outra. Serra podia ter acrescentado que eram ambos contra a reeleição, e que um fez e o outro disse que acabaria com ela, mas se elegeram e se reelegeram, e ela continua aí, no meio do caminho da democracia, como aquela pedra no poema de Carlos Drummond. Na avaliação pessimista dos efeitos da reeleição, a diferença que parece separá-los não convence. Serra ainda disse que (se eleito, claro) vai peitar o verbo exato para o desafio o Congresso Nacional e fazer a reforma política. Somente se for no começo do mandato, antes que a reeleição lhe suba à cabeça como cabelo. Melhor começar pelo fim, isto é, pela retirada da reeleição. Se o fruto proibido da República lhe apetecer, a reforma pedirá as contas.
Se o candidato social-democrata disser que vai acabar com a reeleição, seu potencial político, só por esse lance dobrará de uma pesquisa eleitoral para outra numa semana. E deixará Dilma Rousseff em sinuca de bico. Reeleição pode ser boa para os Estados Unidos, mas já ficou demonstrado que pouca coisa que seja boa por lá por aqui se aplica com alguma vantagem. Afinal, a reforma política não passa de um sentimento de culpa republicano de longa data. Mas, quando a hora de fazê-la parece aproximar-se, converte-se naquela homenagem suspeita que os vícios do presidencialismo prestam à República, quando os políticos cortejam reformas para passar a limpo (por estar suja) a vida pública para deixar tudo apenas com outra aparência e não como deveria ser.
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