sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Fichas limpas, fichas sujas:: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - O juiz Paulo Medina, do STJ, foi afastado do cargo e está sem trabalhar há três anos, mas recebendo salário integral. E vai continuar recebendo, mesmo depois de aposentado compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça, sob indícios (puro eufemismo?) de participação num esquema de venda de sentenças judiciais a favor de bicheiros e donos de bingos. Perdeu os anéis e o cargo, mas manteve os dedos e o salário.

Isso é que é boa vida!

O ex-governador Joaquim Roriz, do DF, saiu fugido do Senado 12 dias depois de acusado publicamente de desvio de verbas, de receber cheques esquisitões e coisas assim. Mas continuou serelepe na vida pública e está disparado nas pesquisas para voltar ao governo local. O TRE-DF barrou a sua candidatura, mas ele recorreu e vai continuar fazendo campanha como se nada tivesse acontecido. Não servia para ser senador, mas serve para ser governador(?!). Isso é que é esperteza!

E o deputado, ex-senador e ex-governador paraense Jader Barbalho (PMDB), que renunciou ao mandato e à presidência do Senado e ainda passou pelo vexame de ser algemado e filmado ao ser preso em 2001? Ao contrário do TRE-DF, o TRE-PA considerou que são águas passadas. Jader continua candidato e, não tenha dúvida, vai ser eleito. Saiu pela porta dos fundos do Senado e vai voltar solenemente pela porta da frente. Isso é que é competência!

São histórias de sucesso bem diferentes da saga da menina L., que era menor de idade quando ficou até presa numa cela com vários homens no Estado de Jader, o Pará. Para eles, quando está ruim, continua ótimo. Para ela, quando não está ruim, fica péssimo. Um "looping", como definiu Eliane Trindade na Folha.

Graças à família e ao Estado, L. teve chance zero na vida. Já para os outros a chance sempre foi acima de mil, ou de milhões.

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