DEU NO JORNAL DO BRASIL
À medida que se aproxima a eleição que sacode a mesmice eleitoral, mais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pega jacaré nas ondas e, confiado no que dizem as pesquisas, dá como inevitável a vitória que fará a ponte sobre a qual pretende chegar ao terceiro mandato propriamente dito. O mandato impropriamente dito é o que promete emprestar a Dilma Rousseff, sem pensar em reeleição, quando em 2014 se encontrarem em território brasileiro a eleição presidencial e a Copa do Mundo. Até lá, o presidente ainda não terá se decidido, entre tanta coisa que já lhe passou pela cabeça. Ainda não sabe a que aplicar sua disponibilidade presidencial, mas anunciou o que pretende no governo alheio e, como quem não quer nada, pegará carona no mandato da afilhada. A lua de mel eleitoral entre padrinho e afilhada alternará quartos crescentes e minguantes, como qualquer acordo político que se preze.
Em Pernambuco, para não chover no molhado, numa região em que o mais forte, politicamente, são as grandes secas, o presidente prometeu que, assim que deixar o cargo, sairá por aí em peregrinação por todo o país e, caso observe algo errado, deixará para trás a promessa de não incomodar o sucessor ou sucessora. O tom gentil de falar é a garantia que, na condição de avalista principal, oferece aos eleitores: a candidata Rousseff não é portadora de riscos (os petistas tinham o pé atrás em relação a ela, mas por outras razões que a razão finge desconhecer). Lula dá o exemplo de confiança: eleição, mas sem reeleição, para Dilma Rousseff.
O socialismo pode estar de pé, mas ele, Lula, estará sentado para se refazer.
“Quem pensa que vou deixar a Presidência e vou para Paris”, a seu ver, erra porque ele, o presidente, sem gastar seu francês, se dispõe a percorrer o país de cabo a rabo, para ver “o que fiz e o que não fiz” (e que é a maior parte). Promete que, “se tiver alguma coisa errada”, pegará o telefone e autorizará “minha presidenta” a fazer o que ele, Lula, não tiver conseguido.
Por aí se entende melhor, como complemento circunstancial de hipótese, o mandato por ele delegado a Dilma Rousseff.
No começo do ano Lula descobriu o segredo da sucessão e incorreu num anacronismo que Freud não desculparia, ao apresentar como de sua autoria o princípio implícito na monarquia: “rei morto, rei posto”. Entende que Dilma Rousseff terá de criar um estilo próprio “de fazer as coisas dela”. Por existir mais de uma coisa, precisará de muita atenção: a primeira já está esquecida (foi disposição da mocidade), a segunda foi o brizolismo, e a terceira ainda não se completou.
À medida que se aproxima a eleição que sacode a mesmice eleitoral, mais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pega jacaré nas ondas e, confiado no que dizem as pesquisas, dá como inevitável a vitória que fará a ponte sobre a qual pretende chegar ao terceiro mandato propriamente dito. O mandato impropriamente dito é o que promete emprestar a Dilma Rousseff, sem pensar em reeleição, quando em 2014 se encontrarem em território brasileiro a eleição presidencial e a Copa do Mundo. Até lá, o presidente ainda não terá se decidido, entre tanta coisa que já lhe passou pela cabeça. Ainda não sabe a que aplicar sua disponibilidade presidencial, mas anunciou o que pretende no governo alheio e, como quem não quer nada, pegará carona no mandato da afilhada. A lua de mel eleitoral entre padrinho e afilhada alternará quartos crescentes e minguantes, como qualquer acordo político que se preze.
Em Pernambuco, para não chover no molhado, numa região em que o mais forte, politicamente, são as grandes secas, o presidente prometeu que, assim que deixar o cargo, sairá por aí em peregrinação por todo o país e, caso observe algo errado, deixará para trás a promessa de não incomodar o sucessor ou sucessora. O tom gentil de falar é a garantia que, na condição de avalista principal, oferece aos eleitores: a candidata Rousseff não é portadora de riscos (os petistas tinham o pé atrás em relação a ela, mas por outras razões que a razão finge desconhecer). Lula dá o exemplo de confiança: eleição, mas sem reeleição, para Dilma Rousseff.
O socialismo pode estar de pé, mas ele, Lula, estará sentado para se refazer.
“Quem pensa que vou deixar a Presidência e vou para Paris”, a seu ver, erra porque ele, o presidente, sem gastar seu francês, se dispõe a percorrer o país de cabo a rabo, para ver “o que fiz e o que não fiz” (e que é a maior parte). Promete que, “se tiver alguma coisa errada”, pegará o telefone e autorizará “minha presidenta” a fazer o que ele, Lula, não tiver conseguido.
Por aí se entende melhor, como complemento circunstancial de hipótese, o mandato por ele delegado a Dilma Rousseff.
No começo do ano Lula descobriu o segredo da sucessão e incorreu num anacronismo que Freud não desculparia, ao apresentar como de sua autoria o princípio implícito na monarquia: “rei morto, rei posto”. Entende que Dilma Rousseff terá de criar um estilo próprio “de fazer as coisas dela”. Por existir mais de uma coisa, precisará de muita atenção: a primeira já está esquecida (foi disposição da mocidade), a segunda foi o brizolismo, e a terceira ainda não se completou.
Presidente, na exacerbação do presidencialismo, pede – no mínimo – respeito republicano equivalente: melhor que Lula tivesse dito, sem superstição, “presidente morto, presidente eleito”. É por aí. No caso brasileiro, aproveitando a oportunidade, aconselha-se a despachar para o exílio histórico a figura do vice-presidente, que nada tem a acrescentar, exceto as crises de apendicite republicanas.
A lua de mel eleitoral alternará quartos crescentes e minguantes
Wilson Figueiredo escreve nesta coluna aos domingos e terças-feiras.
A lua de mel eleitoral alternará quartos crescentes e minguantes
Wilson Figueiredo escreve nesta coluna aos domingos e terças-feiras.
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