DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Índice EMI, calculado pelo HSBC, culpa contração industrial pelo resultado
Indústria brasileira sofre contrações seguidas, enquanto varejo em expansão cresce com importados
Érica Fraga
SÃO PAULO - Entre os grandes países emergentes, o Brasil foi o único a voltar a amargar em outubro uma desaceleração da atividade econômica. A tendência de perda de ritmo da expansão da economia brasileira se mantém desde janeiro deste ano.
É o que mostra um índice que mede o desempenho combinado de indústria e serviços com base em informações (como ritmo de novas encomendas, patamar de estoques e expectativas com o futuro) prestadas por representantes dos dois setores.
O EMI (sigla em inglês para Índice de Mercados Emergentes) -calculado pelo HSBC em parceria com a consultoria Markit Economics e muito acompanhado pelo mercado financeiro- indica que o nível de atividade econômica no Brasil se desacelerou entre setembro e outubro de 51 para 50,8 pontos.
Resultados do EMI acima de 50 indicam expansão e inferiores sugerem contração.
O patamar de 50,8 atingido pelo Brasil está próximo de uma estagnação.
Repetidas contrações da indústria nos últimos meses explicam o fraco desempenho do Brasil, que contrasta com o de grandes emergentes como Rússia e China, que viram seu crescimento se recuperar em outubro depois de ter perdido força no terceiro trimestre. A Índia, que já vinha bem, continuou a mostrar pujança no mês passado.
O patamar de atividade econômica no Brasil medido pelo EMI mostra um ritmo de expansão mais débil que o revelado por indicador semelhante para as nações desenvolvidas - com exceção de Espanha e Japão. Mas isso se explica principalmente pelo fato de que anteriormente o país cresceu a ritmo bem mais forte que o mundo rico.
OFERTA INSUFICIENTE
Embora o setor de varejo brasileiro siga crescendo em consequência do aquecido mercado interno, a produção industrial doméstica não tem conseguido suprir a demanda. Com o real sobrevalorizado, o hiato tem sido fechado por importações.
Essa tendência de encolhimento da indústria a despeito da pujante demanda doméstica vem ganhando força e preocupa economistas.
"É preocupante porque você olha a demanda interna que segue muito forte e percebe que a oferta na indústria não consegue acompanhar", diz André Loes, economista-chefe do HSBC no Brasil.
Segundo Loes, essa combinação de demanda forte e setor industrial fraco tende a resultar em pressões inflacionárias e deficit crescentes nas transações do país com o exterior (como resultado de importações mais altas).
Fernando Montero, economista-chefe da corretora Convenção, diz que a situação atual não é sustentável e tende a gerar desequilíbrios.
Segundo Montero, cortes de gastos do governo (que vêm crescendo a ritmo forte) seriam a solução ideal para corrigir os desequilíbrios que se formam no Brasil. Isso levaria a uma moderação da demanda doméstica e diminuiria a pressão sobre a indústria local.
De qualquer forma, uma continuação do processo de desaceleração da economia brasileira parece inevitável.
Índice EMI, calculado pelo HSBC, culpa contração industrial pelo resultado
Indústria brasileira sofre contrações seguidas, enquanto varejo em expansão cresce com importados
Érica Fraga
SÃO PAULO - Entre os grandes países emergentes, o Brasil foi o único a voltar a amargar em outubro uma desaceleração da atividade econômica. A tendência de perda de ritmo da expansão da economia brasileira se mantém desde janeiro deste ano.
É o que mostra um índice que mede o desempenho combinado de indústria e serviços com base em informações (como ritmo de novas encomendas, patamar de estoques e expectativas com o futuro) prestadas por representantes dos dois setores.
O EMI (sigla em inglês para Índice de Mercados Emergentes) -calculado pelo HSBC em parceria com a consultoria Markit Economics e muito acompanhado pelo mercado financeiro- indica que o nível de atividade econômica no Brasil se desacelerou entre setembro e outubro de 51 para 50,8 pontos.
Resultados do EMI acima de 50 indicam expansão e inferiores sugerem contração.
O patamar de 50,8 atingido pelo Brasil está próximo de uma estagnação.
Repetidas contrações da indústria nos últimos meses explicam o fraco desempenho do Brasil, que contrasta com o de grandes emergentes como Rússia e China, que viram seu crescimento se recuperar em outubro depois de ter perdido força no terceiro trimestre. A Índia, que já vinha bem, continuou a mostrar pujança no mês passado.
O patamar de atividade econômica no Brasil medido pelo EMI mostra um ritmo de expansão mais débil que o revelado por indicador semelhante para as nações desenvolvidas - com exceção de Espanha e Japão. Mas isso se explica principalmente pelo fato de que anteriormente o país cresceu a ritmo bem mais forte que o mundo rico.
OFERTA INSUFICIENTE
Embora o setor de varejo brasileiro siga crescendo em consequência do aquecido mercado interno, a produção industrial doméstica não tem conseguido suprir a demanda. Com o real sobrevalorizado, o hiato tem sido fechado por importações.
Essa tendência de encolhimento da indústria a despeito da pujante demanda doméstica vem ganhando força e preocupa economistas.
"É preocupante porque você olha a demanda interna que segue muito forte e percebe que a oferta na indústria não consegue acompanhar", diz André Loes, economista-chefe do HSBC no Brasil.
Segundo Loes, essa combinação de demanda forte e setor industrial fraco tende a resultar em pressões inflacionárias e deficit crescentes nas transações do país com o exterior (como resultado de importações mais altas).
Fernando Montero, economista-chefe da corretora Convenção, diz que a situação atual não é sustentável e tende a gerar desequilíbrios.
Segundo Montero, cortes de gastos do governo (que vêm crescendo a ritmo forte) seriam a solução ideal para corrigir os desequilíbrios que se formam no Brasil. Isso levaria a uma moderação da demanda doméstica e diminuiria a pressão sobre a indústria local.
De qualquer forma, uma continuação do processo de desaceleração da economia brasileira parece inevitável.
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