DEU NA FOLHA DE S. PAULO
O PSDB não pode apenas reagir à agenda do governo; o partido deve ter a capacidade de ganhar capilaridade e de dialogar com a nossa sociedade
O resultado das eleições permite algumas avaliações de imediato e suposições de longo prazo. No que diz respeito à oposição, o primeiro ponto a destacar é que levar a eleição para o segundo turno representou uma vitória, contrariando pesquisas e analistas que davam a disputa por encerrada no primeiro.
O resultado mostrou o fôlego da oposição, que fez 44% dos votos e estabeleceu entre os dois candidatos à Presidência diferença que é a menor das últimas três eleições.
Os dois principais partidos da oposição, PSDB e DEM, saíram fortalecidos das eleições estaduais.
Governarão dez Estados, que concentram 52% do eleitorado. O PSDB foi o principal vencedor -com oito vitórias- e terá quase metade (47,5%) do eleitorado sob sua administração.
O cenário, entretanto, é mais complexo. Não custa lembrar que Lula iniciou seu primeiro governo em situação semelhante, com a oposição governando 11 Estados, que representavam 58,95% da população. Também cabe observar a desproporção entre a votação de Serra no segundo turno e a representação da oposição no Congresso. Enquanto Serra teve 43,95% dos votos válidos, a oposição terá em torno de 20% da Câmara e 25% do Senado Federal.
Vislumbram-se dois caminhos, no primeiro momento: o estabelecimento de um polo não de oposição, mas de poder, como alternativa futura, reunindo os governadores e a liderança de Aécio Neves e de Serra.
No Congresso, a formação de bloco, pois, pela primeira vez nos últimos 20 anos, a oposição não terá número para propor CPIs e barrar emendas à Constituição, e só o PSDB terá o número regimental para liderar obstrução, instrumentos próprios da disputa parlamentar.
Não se deve esperar postura de combate dos governadores, não só pelo perfil deles, mas pela natureza da função. Esse papel deve ser feito no Congresso, a partir de alguns parlamentares com perfil combativo, firmando posição em momentos críticos e em votações de temas polêmicos e/ou importantes.
Outra estratégia é apostar em erros gerenciais ou políticos do governo, na expectativa de baixa popularidade ou dissenso na base. É a aposta na inércia! E a história recente já provou o erro.
O PSDB deverá arcar ainda com outra consequência do resultado eleitoral: a redução da bancada acarretará diminuição do tempo de TV para as eleições de 2012. Com isso, pode-se entrar em um ciclo "desvirtuoso". Se prevalecer o pragmatismo dos arranjos locais, o partido deixa de lançar candidatos para se coligar com outras forças.
Como consequência, perderá espaço nas eleições de 2014, o que poderá diminuir mais a bancada. Essa é uma das restrições para se pensar em fusão: a lógica local tende a prevalecer. E um partido não cresce só pela soma dos projetos pessoais e regionais. Por isso, é preciso ir além da atuação na arena parlamentar.
O PSDB não pode simplesmente reagir à agenda do governo; o partido deve ter a capacidade de ganhar capilaridade e de dialogar com a sociedade, mesmo com setores hoje vinculados ou até cooptados pelo governo. Provocar o debate e dar profundidade a ele, entendendo que política se faz com identidade.
Gustavo Fruet é deputado federal pelo PSDB-PR e líder da minoria na Câmara.
O PSDB não pode apenas reagir à agenda do governo; o partido deve ter a capacidade de ganhar capilaridade e de dialogar com a nossa sociedade
O resultado das eleições permite algumas avaliações de imediato e suposições de longo prazo. No que diz respeito à oposição, o primeiro ponto a destacar é que levar a eleição para o segundo turno representou uma vitória, contrariando pesquisas e analistas que davam a disputa por encerrada no primeiro.
O resultado mostrou o fôlego da oposição, que fez 44% dos votos e estabeleceu entre os dois candidatos à Presidência diferença que é a menor das últimas três eleições.
Os dois principais partidos da oposição, PSDB e DEM, saíram fortalecidos das eleições estaduais.
Governarão dez Estados, que concentram 52% do eleitorado. O PSDB foi o principal vencedor -com oito vitórias- e terá quase metade (47,5%) do eleitorado sob sua administração.
O cenário, entretanto, é mais complexo. Não custa lembrar que Lula iniciou seu primeiro governo em situação semelhante, com a oposição governando 11 Estados, que representavam 58,95% da população. Também cabe observar a desproporção entre a votação de Serra no segundo turno e a representação da oposição no Congresso. Enquanto Serra teve 43,95% dos votos válidos, a oposição terá em torno de 20% da Câmara e 25% do Senado Federal.
Vislumbram-se dois caminhos, no primeiro momento: o estabelecimento de um polo não de oposição, mas de poder, como alternativa futura, reunindo os governadores e a liderança de Aécio Neves e de Serra.
No Congresso, a formação de bloco, pois, pela primeira vez nos últimos 20 anos, a oposição não terá número para propor CPIs e barrar emendas à Constituição, e só o PSDB terá o número regimental para liderar obstrução, instrumentos próprios da disputa parlamentar.
Não se deve esperar postura de combate dos governadores, não só pelo perfil deles, mas pela natureza da função. Esse papel deve ser feito no Congresso, a partir de alguns parlamentares com perfil combativo, firmando posição em momentos críticos e em votações de temas polêmicos e/ou importantes.
Outra estratégia é apostar em erros gerenciais ou políticos do governo, na expectativa de baixa popularidade ou dissenso na base. É a aposta na inércia! E a história recente já provou o erro.
O PSDB deverá arcar ainda com outra consequência do resultado eleitoral: a redução da bancada acarretará diminuição do tempo de TV para as eleições de 2012. Com isso, pode-se entrar em um ciclo "desvirtuoso". Se prevalecer o pragmatismo dos arranjos locais, o partido deixa de lançar candidatos para se coligar com outras forças.
Como consequência, perderá espaço nas eleições de 2014, o que poderá diminuir mais a bancada. Essa é uma das restrições para se pensar em fusão: a lógica local tende a prevalecer. E um partido não cresce só pela soma dos projetos pessoais e regionais. Por isso, é preciso ir além da atuação na arena parlamentar.
O PSDB não pode simplesmente reagir à agenda do governo; o partido deve ter a capacidade de ganhar capilaridade e de dialogar com a sociedade, mesmo com setores hoje vinculados ou até cooptados pelo governo. Provocar o debate e dar profundidade a ele, entendendo que política se faz com identidade.
Gustavo Fruet é deputado federal pelo PSDB-PR e líder da minoria na Câmara.
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