DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Legendas que apoiaram o presidenciável tucano começam a definir seus destinos políticos. O DEM cogita fusão de siglas
Josie Jeronimo
Os partidos que apoiaram a candidatura de José Serra (PSDB) iniciaram o debate interno para definir os rumos políticos e o discurso que adotarão no governo Dilma Rousseff (PT). Apesar de contribuírem para levar a disputa presidencial para o segundo turno, o DEM e o PPS saíram menores das eleições de 2010. Na avaliação do custo Serra, o DEM já admite a hipótese de fusão com outra legenda, e líderes do PPS demonstram certo arrependimento de encampar o projeto tucano, principalmente quando a disputa entre Serra e Dilma foi desviada para o âmbito da discussão da vida privada e religiosa dos eleitores.
O presidente do PPS, deputado eleito por São Paulo Roberto Freire, afirma que ficou incomodado com a condução da campanha e aponta que o partido segue sozinho daqui para frente. “Não tem aproximação (com o DEM e o PSDB), o PPS vai cuidar da sua vida. O partido foi um aliado no processo eleitoral. Incomodou ( o debate religioso). Incomodou o país. Discordei dos rumos da campanha, do discurso oportunista religioso. Mas a candidata colocou isso no centro do debate, não havia como fugir.” A necessidade de unir partidos da oposição, reflete o deputado eleito, levou as legendas a deixarem de lado os ideais fundadores das siglas em prol da disputa presidencial.
Sobre a possibilidade de guiar a legenda na oposição ao governo Dilma, Freire diz que ainda é cedo e que o partido precisa avaliar a gestão da petista antes de se posicionar. “Prefiro aguardar para ver a cara que esse governo vai ter”, pondera Freire. Depois da aliança com o PSDB, o PPS perdeu 10 deputados. A bancada na Câmara caiu de 22 para 12 parlamentares.
O presidente do PPS critica, no entanto, o comportamento dos governadores eleitos e reeleitos que se calaram, segundo ele, durante a eleição sobre a volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Veja o estelionato eleitoral dos governadores. Deveriam ser todos cassados. É de uma desonestidade que não tem tamanho”, censura Freire.
No DEM, a desidratação eleitoral do partido levantou dois debates imediatos. Os mais otimistas defendem antecipação das eleições dos diretórios municipais e estaduais, e da executiva nacional, para mudarem o eixo direcional do partido levando em conta os estados e os grupos políticos com melhor desempenho nas urnas. Os pessimistas admitem a fusão. No centro da discussão sobre a renovação está a perda do poder político da família Maia no Rio de Janeiro. A derrota do ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ) na disputa para o Senado indicou que o presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ), não tem ascendência em sua base eleitoral.
De olho na presidência do DEM, caciques do partido no Nordeste já se movimentam para convocar convenção em janeiro. O nome de Marco Maciel (DEM-PE) é o mais cotado para assumir o comando. De acordo com o secretário de Assuntos Institucionais do DEM, deputado André de Paula (PE), o partido se reunirá, no fim deste mês, para avaliar o resultado das eleições. “O partido deve promover uma reunião de parlamentares para avaliação das eleições e construção da estratégia congressual. Os diretórios teriam encerrado os mandatos em outubro, mas pediram prorrogação para não renovar no meio do processo eleitoral. Mas é preciso avaliar o quadro de cada lugar e a nova correlação de forças.”
O dirigente não aposta na possibilidade de o DEM se fundir com o PMDB, apesar de o cenário eleitoral ter suscitado conversas entre as duas siglas. Mas André de Paula não descarta a união com o PSDB. “Fusão é só especulação, mas não estou descartando. Acho uma equação difícil de operar com o PMDB. Existem diferenças e, na hora em que há fusão, anula a identidade. Significaria a absorção do Democratas pelo PMDB. No caso do PSDB, um pouco menos, porque os partidos têm perfis semelhantes. Com o PSDB, isso até poderia ocorrer”, afirma o vice de Relações Institucionais do DEM.
Mudança de data
O departamento jurídico do DEM informa que é praxe no partido realizar, em outubro, convenções para a eleição da executiva nacional e de presidente de diretórios. No ano passado, a legenda decidiu prorrogar o mandato do atual presidente nacional, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e dos dirigentes regionais. Assim, pela regra em vigência, a nova eleição seria em outubro de 2011. Mas se a executiva decidir, a data pode ser alterada e a convenção antecipada.
PMN e PTdoB temem represálias
Considerados nanicos no plano nacional, o PMN e o PTdoB demonstraram coragem ao trocar as bênçãos governistas pela campanha de José Serra (PSDB). As legendas não sofreram o mesmo impacto que o DEM e o PPS e, ao contrário, elegeram mais parlamentares, em relação à disputa de 2006. Mas os pequenos preocupam-se com o reflexo político que o apoio ao presidenciável tucano pode ter em relação à destinação de recursos públicos em suas bases eleitorais.
Senador eleito pelo Acre, Sérgio Petecão (PMN) explica que apoiou Serra em seu estado porque é adversário político dos irmãos Jorge Viana (PT) e Tião Viana (PT). Apesar da indisposição com o PT do Acre, Petecão afirma que pertencerá à base de apoio de Dilma Rousseff no Congresso.
Legendas que apoiaram o presidenciável tucano começam a definir seus destinos políticos. O DEM cogita fusão de siglas
Josie Jeronimo
Os partidos que apoiaram a candidatura de José Serra (PSDB) iniciaram o debate interno para definir os rumos políticos e o discurso que adotarão no governo Dilma Rousseff (PT). Apesar de contribuírem para levar a disputa presidencial para o segundo turno, o DEM e o PPS saíram menores das eleições de 2010. Na avaliação do custo Serra, o DEM já admite a hipótese de fusão com outra legenda, e líderes do PPS demonstram certo arrependimento de encampar o projeto tucano, principalmente quando a disputa entre Serra e Dilma foi desviada para o âmbito da discussão da vida privada e religiosa dos eleitores.
O presidente do PPS, deputado eleito por São Paulo Roberto Freire, afirma que ficou incomodado com a condução da campanha e aponta que o partido segue sozinho daqui para frente. “Não tem aproximação (com o DEM e o PSDB), o PPS vai cuidar da sua vida. O partido foi um aliado no processo eleitoral. Incomodou ( o debate religioso). Incomodou o país. Discordei dos rumos da campanha, do discurso oportunista religioso. Mas a candidata colocou isso no centro do debate, não havia como fugir.” A necessidade de unir partidos da oposição, reflete o deputado eleito, levou as legendas a deixarem de lado os ideais fundadores das siglas em prol da disputa presidencial.
Sobre a possibilidade de guiar a legenda na oposição ao governo Dilma, Freire diz que ainda é cedo e que o partido precisa avaliar a gestão da petista antes de se posicionar. “Prefiro aguardar para ver a cara que esse governo vai ter”, pondera Freire. Depois da aliança com o PSDB, o PPS perdeu 10 deputados. A bancada na Câmara caiu de 22 para 12 parlamentares.
O presidente do PPS critica, no entanto, o comportamento dos governadores eleitos e reeleitos que se calaram, segundo ele, durante a eleição sobre a volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Veja o estelionato eleitoral dos governadores. Deveriam ser todos cassados. É de uma desonestidade que não tem tamanho”, censura Freire.
No DEM, a desidratação eleitoral do partido levantou dois debates imediatos. Os mais otimistas defendem antecipação das eleições dos diretórios municipais e estaduais, e da executiva nacional, para mudarem o eixo direcional do partido levando em conta os estados e os grupos políticos com melhor desempenho nas urnas. Os pessimistas admitem a fusão. No centro da discussão sobre a renovação está a perda do poder político da família Maia no Rio de Janeiro. A derrota do ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ) na disputa para o Senado indicou que o presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ), não tem ascendência em sua base eleitoral.
De olho na presidência do DEM, caciques do partido no Nordeste já se movimentam para convocar convenção em janeiro. O nome de Marco Maciel (DEM-PE) é o mais cotado para assumir o comando. De acordo com o secretário de Assuntos Institucionais do DEM, deputado André de Paula (PE), o partido se reunirá, no fim deste mês, para avaliar o resultado das eleições. “O partido deve promover uma reunião de parlamentares para avaliação das eleições e construção da estratégia congressual. Os diretórios teriam encerrado os mandatos em outubro, mas pediram prorrogação para não renovar no meio do processo eleitoral. Mas é preciso avaliar o quadro de cada lugar e a nova correlação de forças.”
O dirigente não aposta na possibilidade de o DEM se fundir com o PMDB, apesar de o cenário eleitoral ter suscitado conversas entre as duas siglas. Mas André de Paula não descarta a união com o PSDB. “Fusão é só especulação, mas não estou descartando. Acho uma equação difícil de operar com o PMDB. Existem diferenças e, na hora em que há fusão, anula a identidade. Significaria a absorção do Democratas pelo PMDB. No caso do PSDB, um pouco menos, porque os partidos têm perfis semelhantes. Com o PSDB, isso até poderia ocorrer”, afirma o vice de Relações Institucionais do DEM.
Mudança de data
O departamento jurídico do DEM informa que é praxe no partido realizar, em outubro, convenções para a eleição da executiva nacional e de presidente de diretórios. No ano passado, a legenda decidiu prorrogar o mandato do atual presidente nacional, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e dos dirigentes regionais. Assim, pela regra em vigência, a nova eleição seria em outubro de 2011. Mas se a executiva decidir, a data pode ser alterada e a convenção antecipada.
PMN e PTdoB temem represálias
Considerados nanicos no plano nacional, o PMN e o PTdoB demonstraram coragem ao trocar as bênçãos governistas pela campanha de José Serra (PSDB). As legendas não sofreram o mesmo impacto que o DEM e o PPS e, ao contrário, elegeram mais parlamentares, em relação à disputa de 2006. Mas os pequenos preocupam-se com o reflexo político que o apoio ao presidenciável tucano pode ter em relação à destinação de recursos públicos em suas bases eleitorais.
Senador eleito pelo Acre, Sérgio Petecão (PMN) explica que apoiou Serra em seu estado porque é adversário político dos irmãos Jorge Viana (PT) e Tião Viana (PT). Apesar da indisposição com o PT do Acre, Petecão afirma que pertencerá à base de apoio de Dilma Rousseff no Congresso.
“Entendo que o Acre precisa muito do governo federal. Hoje, nós vivemos naquela dinastia Viana e precisamos contrapor essa ditadura que tem lá. Lá (no Acre), não tem PT, lá tem os ‘Vianas’.
Vivo em um estado que depende 100% de recursos federais, mas relação com os Vianas não tem jeito, mas quero ter uma boa relação com o governo federal”, prega.
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