DEU EM O GLOBO
Então temos montado o novo "núcleo duro" do Palácio do Planalto, desta vez no primeiro (e talvez único?) governo Dilma Rousseff, apenas com petistas. No primeiro governo de Lula, o núcleo duro era também formado só por petistas graúdos: José Dirceu, Palocci, Gushiken, Luiz Dulci, Gilberto Carvalho.
A crise do mensalão e outras subsequentes varreram os três primeiros do mapa político ostensivo; foram substituídos pela própria Dilma, pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e por Franklin Martins.
Hoje, pouca coisa mudou: Antonio Palocci estará na Casa Civil; Gilberto Carvalho, na Secretaria-Geral da Presidência; José Eduardo Cardozo, na Justiça; Miriam Belchior, no Planejamento; e Guido Mantega, na Fazenda.
Falta saber quem será o novo ministro da Comunicação Social, se terá status de ministro da Casa como tiveram os antecessores Luiz Gushiken e Franklin Martins.
O chefe da equipe de transição, na teoria, é o peemedebista Michel Temer, mas o PMDB não está conseguindo emplacar seus escolhidos sob seu comando, e a própria presidente eleita prefere negociar separadamente com o grupo do Senado a dar a força política que Temer reivindica para apresentar o grupo do PMDB em conjunto.
Pela enésima vez, entre a campanha eleitoral e o período imediatamente posterior à vitória nas urnas, o PMDB teve que impor sua presença na equipe principal, dominada pelos petistas, à base de discretas cotoveladas políticas.
Uma rebelião de deputados impediu o anúncio, ontem, do senador Edison Lobão para o Ministério das Minas e Energia, acertada entre a presidente e os senadores peemedebistas.
Assim como intrigas palacianas, juntamente com fogo amigo do PMDB, mataram no nascedouro a indicação do governador Sérgio Cabral para o Ministério da Saúde.
O veto ao secretário Sérgio Côrtes, já conhecido como "Viúva Porcina", a que enviuvou sem nunca ter casado, ao que tudo indica foi o troco que o governador Sérgio Cabral recebeu do próprio PMDB por ter vetado a nomeação do ex-governador Moreira Franco para o Ministério.
Sua indiscrição também ajudou muito seus inimigos.
Mas o fato é que o PMDB, o maior partido político do país, e por isso mesmo escolhido para dar o candidato a vice-presidente, não foi ouvido nem cheirado na formação da equipe de transição, e muito menos agora, na formação do Ministério.
A presidente Dilma já demonstrou que pretende agradar pontualmente a seus aliados dentro do PMDB, sem dar ao vice Michel Temer o status de interlocutor único, o que proporcionaria a ele um poder desmedido.
Temer quer manter esse poder, até mesmo para impedir que o partido volte a se dividir, mas tudo indica que a orientação no governo é mesmo tentar estimular essas divisões internas, contentando parcelas do partido, alimentando ilusões de poder e o apetite pontual.
É uma tática arriscada, que pode ter consequências políticas desastrosas nas votações no Congresso.
O PMDB queria mais poder político real, e o PT está tentando tratá-lo como apenas um partido fisiológico da base, que se contenta com nacos do poder.
Pelo andar da carruagem vai ter que se contentar com isso, pois não demonstra ter unidade para uma ação conjunta de confrontação com o governo.
Mesmo o blocão montado dentro da Câmara com outros partidos aliados para pressionar não teve o respaldo do PMDB do Senado, que avisou que lá essa prática não prevaleceria.
Os senadores já se acertaram entre si, e a indicação de Lobão é o primeiro passo, além do consenso em torno da presidência da Casa, que deve ficar mesmo com Sarney novamente.
Os demais partidos da base aliada estão insatisfeitos, mas não ousam sair do barco sem saber que pedaço do butim do Estado lhes caberá.
Por enquanto, o PT está demonstrando ter mais poder dentro do novo governo, o que já se imaginava. Mas o estranho é que a presidente eleita não está usando o PMDB para se contrabalançar às pressões do PT.
Ela está aceitando sem reclamar a influência de Lula e do seu partido de adoção. Mesmo porque aparentemente ela não tem grupo político que a siga e pelo qual ela possa se empenhar.
O único político ligado a ela, Fernando Pimentel, o é pela atuação na luta armada, anterior à existência do PT. Os dois encontraram-se no partido de Lula por acaso, pois Dilma, antes de ser lulista, era brizolista.
Por mais que tenha alcançado a aparência de poder, o PMDB não chega nem perto do poder real, e terá que retirar por conta própria, pontualmente, fatias de poder para se contrapor ao petismo que parece que vai prevalecer, pelo menos na primeira etapa do governo Dilma.
A não ser que abra mão de um projeto de futuro para continuar sendo o que sempre foi, um partido periférico, que se contenta com o poder fisiológico.
A dureza que foi chegar a uma unidade partidária inédita que permitisse indicar Michel Temer para a vice-presidência da República terá agora que resistir ao teste da vida real, no qual aparentemente está sendo tragado pelo poder de fato que está se concentrando no comando do presidente Lula.
Então temos montado o novo "núcleo duro" do Palácio do Planalto, desta vez no primeiro (e talvez único?) governo Dilma Rousseff, apenas com petistas. No primeiro governo de Lula, o núcleo duro era também formado só por petistas graúdos: José Dirceu, Palocci, Gushiken, Luiz Dulci, Gilberto Carvalho.
A crise do mensalão e outras subsequentes varreram os três primeiros do mapa político ostensivo; foram substituídos pela própria Dilma, pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e por Franklin Martins.
Hoje, pouca coisa mudou: Antonio Palocci estará na Casa Civil; Gilberto Carvalho, na Secretaria-Geral da Presidência; José Eduardo Cardozo, na Justiça; Miriam Belchior, no Planejamento; e Guido Mantega, na Fazenda.
Falta saber quem será o novo ministro da Comunicação Social, se terá status de ministro da Casa como tiveram os antecessores Luiz Gushiken e Franklin Martins.
O chefe da equipe de transição, na teoria, é o peemedebista Michel Temer, mas o PMDB não está conseguindo emplacar seus escolhidos sob seu comando, e a própria presidente eleita prefere negociar separadamente com o grupo do Senado a dar a força política que Temer reivindica para apresentar o grupo do PMDB em conjunto.
Pela enésima vez, entre a campanha eleitoral e o período imediatamente posterior à vitória nas urnas, o PMDB teve que impor sua presença na equipe principal, dominada pelos petistas, à base de discretas cotoveladas políticas.
Uma rebelião de deputados impediu o anúncio, ontem, do senador Edison Lobão para o Ministério das Minas e Energia, acertada entre a presidente e os senadores peemedebistas.
Assim como intrigas palacianas, juntamente com fogo amigo do PMDB, mataram no nascedouro a indicação do governador Sérgio Cabral para o Ministério da Saúde.
O veto ao secretário Sérgio Côrtes, já conhecido como "Viúva Porcina", a que enviuvou sem nunca ter casado, ao que tudo indica foi o troco que o governador Sérgio Cabral recebeu do próprio PMDB por ter vetado a nomeação do ex-governador Moreira Franco para o Ministério.
Sua indiscrição também ajudou muito seus inimigos.
Mas o fato é que o PMDB, o maior partido político do país, e por isso mesmo escolhido para dar o candidato a vice-presidente, não foi ouvido nem cheirado na formação da equipe de transição, e muito menos agora, na formação do Ministério.
A presidente Dilma já demonstrou que pretende agradar pontualmente a seus aliados dentro do PMDB, sem dar ao vice Michel Temer o status de interlocutor único, o que proporcionaria a ele um poder desmedido.
Temer quer manter esse poder, até mesmo para impedir que o partido volte a se dividir, mas tudo indica que a orientação no governo é mesmo tentar estimular essas divisões internas, contentando parcelas do partido, alimentando ilusões de poder e o apetite pontual.
É uma tática arriscada, que pode ter consequências políticas desastrosas nas votações no Congresso.
O PMDB queria mais poder político real, e o PT está tentando tratá-lo como apenas um partido fisiológico da base, que se contenta com nacos do poder.
Pelo andar da carruagem vai ter que se contentar com isso, pois não demonstra ter unidade para uma ação conjunta de confrontação com o governo.
Mesmo o blocão montado dentro da Câmara com outros partidos aliados para pressionar não teve o respaldo do PMDB do Senado, que avisou que lá essa prática não prevaleceria.
Os senadores já se acertaram entre si, e a indicação de Lobão é o primeiro passo, além do consenso em torno da presidência da Casa, que deve ficar mesmo com Sarney novamente.
Os demais partidos da base aliada estão insatisfeitos, mas não ousam sair do barco sem saber que pedaço do butim do Estado lhes caberá.
Por enquanto, o PT está demonstrando ter mais poder dentro do novo governo, o que já se imaginava. Mas o estranho é que a presidente eleita não está usando o PMDB para se contrabalançar às pressões do PT.
Ela está aceitando sem reclamar a influência de Lula e do seu partido de adoção. Mesmo porque aparentemente ela não tem grupo político que a siga e pelo qual ela possa se empenhar.
O único político ligado a ela, Fernando Pimentel, o é pela atuação na luta armada, anterior à existência do PT. Os dois encontraram-se no partido de Lula por acaso, pois Dilma, antes de ser lulista, era brizolista.
Por mais que tenha alcançado a aparência de poder, o PMDB não chega nem perto do poder real, e terá que retirar por conta própria, pontualmente, fatias de poder para se contrapor ao petismo que parece que vai prevalecer, pelo menos na primeira etapa do governo Dilma.
A não ser que abra mão de um projeto de futuro para continuar sendo o que sempre foi, um partido periférico, que se contenta com o poder fisiológico.
A dureza que foi chegar a uma unidade partidária inédita que permitisse indicar Michel Temer para a vice-presidência da República terá agora que resistir ao teste da vida real, no qual aparentemente está sendo tragado pelo poder de fato que está se concentrando no comando do presidente Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário