DEU NA FOLHA DE S. PAULO
"Vamos mudar, sim. Mudar com coragem e cuidado, humildade e ousadia, mudar tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado, não um simples ato de vontade, não um arroubo voluntarista. Mudança por meio do diálogo e da negociação, sem atropelos ou precipitações, para que o resultado seja consistente e duradouro."
Este era Lula, no dia 1º de janeiro de 2003, durante seu discurso de posse no Congresso. Mudar com cuidado, sem atropelos, por meio do diálogo... Além do elogio do gradualismo e da consciência de que tudo "é um processo", a fala inaugural ao país soava quase como um pedido de licença para governar.
O discurso desdobrava o tom e o teor da Carta ao Povo Brasileiro, onde Lula, ainda na campanha, se comprometia com a manutenção das regras do jogo da economia de mercado. Aquela não era, como se sabe, uma carta dirigida ao povo (o brasileiro ou o chinês), mas à banca internacional, a fim de dirimir o pânico criado com a perspectiva da chegada do sapo barbudo ao poder.
Ao povo, em 2003, Lula dizia: "Teremos que manter sob controle as nossas muitas e legítimas ansiedades sociais, para que elas possam ser atendidas no ritmo adequado e no momento justo". Difícil imaginar fala mais cautelosa. O discurso de Dilma hoje deve ser a coroação da era Lula e, ao mesmo tempo, a renovação do compromisso de incorporação social sem sobressaltos. O próprio ministério -que mais parece um ministério-tampão- aponta nessa direção.
Não deixa de ser irônico que o PT e Lula tenham se espelhado no governo de FHC e a seguir "roubado" dos tucanos não apenas a bandeira social-democrata, mas sobretudo a ideia-guia de que governar "é um processo", com efeitos cumulativos. Que se pense, por contraste, nos arroubos de um Collor, que pretendia acabar com a inflação num único golpe fatal. Lula transformou o processo em espetáculo. Com Dilma, ele tende a ser mais opaco.
"Vamos mudar, sim. Mudar com coragem e cuidado, humildade e ousadia, mudar tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado, não um simples ato de vontade, não um arroubo voluntarista. Mudança por meio do diálogo e da negociação, sem atropelos ou precipitações, para que o resultado seja consistente e duradouro."
Este era Lula, no dia 1º de janeiro de 2003, durante seu discurso de posse no Congresso. Mudar com cuidado, sem atropelos, por meio do diálogo... Além do elogio do gradualismo e da consciência de que tudo "é um processo", a fala inaugural ao país soava quase como um pedido de licença para governar.
O discurso desdobrava o tom e o teor da Carta ao Povo Brasileiro, onde Lula, ainda na campanha, se comprometia com a manutenção das regras do jogo da economia de mercado. Aquela não era, como se sabe, uma carta dirigida ao povo (o brasileiro ou o chinês), mas à banca internacional, a fim de dirimir o pânico criado com a perspectiva da chegada do sapo barbudo ao poder.
Ao povo, em 2003, Lula dizia: "Teremos que manter sob controle as nossas muitas e legítimas ansiedades sociais, para que elas possam ser atendidas no ritmo adequado e no momento justo". Difícil imaginar fala mais cautelosa. O discurso de Dilma hoje deve ser a coroação da era Lula e, ao mesmo tempo, a renovação do compromisso de incorporação social sem sobressaltos. O próprio ministério -que mais parece um ministério-tampão- aponta nessa direção.
Não deixa de ser irônico que o PT e Lula tenham se espelhado no governo de FHC e a seguir "roubado" dos tucanos não apenas a bandeira social-democrata, mas sobretudo a ideia-guia de que governar "é um processo", com efeitos cumulativos. Que se pense, por contraste, nos arroubos de um Collor, que pretendia acabar com a inflação num único golpe fatal. Lula transformou o processo em espetáculo. Com Dilma, ele tende a ser mais opaco.
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