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Dilma pede fim da briga pública entre os dois partidos, mas disputa por postos continua, agora com "regras"
Dilma pede fim da briga pública entre os dois partidos, mas disputa por postos continua, agora com "regras"
Gerson Camarotti e Isabel Braga
BRASÍLIA. Depois de uma semana de intenso tiroteio entre integrantes do PT e do PMDB, ontem foi fechado um acordo no Palácio do Planalto para esvaziar a crise entre os dois partidos. Numa reunião no gabinete do vice-presidente Michel Temer, os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), acertaram regras e procedimentos para o preenchimento dos cargos de segundo escalão: as mudanças deverão ser negociadas entre os dois partidos.
Isso significa, na prática, que substituição de postos estratégicos ocupados pelo PMDB terá que ser compensada por outro cargo equivalente em outro ministério o estatal. A regra valeria para cargos do PT. O acordo surgiu após presidente Dilma Rousseff determinar que a crise entre os partidos fosse estancada.
Como parte do acordo, o líder do PMDB encontrou-se com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para tentar um acordo sobre o comando da Funasa. Padilha havia anunciado que mudaria o controle e chegou a ter um bate-boca com Henrique.
- Fui convidado para um encontro com o ministro Padilha. É importante reestabelecer essa relação. Até porque antes desse episódio (da Funasa), ele sempre foi nosso parceiro. Agora, não vou ficar calado em relação ao espaço do PMDB. Sempre vou reivindicar - disse Henrique.
Após a reunião no Planalto e antes do encontro de Henrique com Padilha, outro esforço para consolidar a parceria entre PT e PMDB: um almoço no qual foi reafirmado o acordo para a reeleição do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). De novo, com a presença de Temer. Segundo o futuro líder do PT, Paulo Teixeira (SP), o clima é de paz:
- Hoje foi selada a paz para a eleição de Marco Maia. O tema do almoço foi o engajamento total do PMDB na campanha.
- Há um acordo e vamos cumprir. É natural (que haja insatisfações e problemas na ocupação dos cargos), mas nada que seja irreversível - afirmou Henrique.
- Fazemos parte do mesmo governo. Temos que nos acertar, para a família não ficar em crise - completou o deputado Odair Cunha (PT-MG).
Segundo relatos, na reunião que ocorreu de manhã no Planalto, o ministro Palocci afirmou que o "PMDB não é apenas aliado, mas o próprio governo". E que, dentro dessa lógica, não seria mais possível "deixar as coisas se perderem no meio do caminho" sem uma solução. Por isso, ficou acertado que todos os impasses nas negociações para o segundo escalão seriam levados ao Planalto.
PTB cobra negociação de cargos para segundo escalão
Mas, ontem, o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), cobrou uma reunião com os ministros Antonio Palocci e Luiz Sérgio para negociar os cargos de segundo escalão.
- Esperamos ser convidados para participar do segundo escalão. Não podíamos cobrar ministérios porque oficialmente o partido apoiou Serra. Mas no Congresso, o PTB sempre contribuiu com o governo Lula.
Mais tarde, por meio de nota, o líder do PTB ameaçou os petistas, afirmando que se não forem respeitados os espaços que a legenda ocupa hoje na Mesa da Câmara (a 4ª Secretaria e a presidência da Comissão do Trabalho), o partido lançará Silvio Costa (PTB-PE) como candidato à presidência da Casa.
- Natural que numa base ampla tenhamos dificuldades. Mas não há guerra, nem crise. Há apenas um ruído, um calor - minimiza o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
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