Região Metropolitana e Baixada têm projetos inacabados de saneamento, pavimentação e drenagem, entre outros
Cássio Bruno
As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) se transformaram em pesadelo para moradores do Estado do Rio. Projetos parados, inacabados, em ritmo lento ou que sequer saíram do papel estão causando transtornos à população, principalmente da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense. O drama é retratado no próprio relatório do governo federal com o balanço do PAC, entre 2007 e 2010. Apenas 3,8% das ações relacionadas à infraestrutura social e urbana - saneamento básico, pavimentação de ruas, drenagem, habitação e ações de combate às enchentes - foram efetivamente concluídas no estado.
Das 392 intervenções previstas pelo PAC, sendo 298 delas em 2007 e 2008, a um custo de R$6,9 bilhões, só 15 aparecem como finalizadas. Desses recursos, R$2,16 bilhões já estão nos cofres dos municípios e do governo estadual.
O GLOBO visitou algumas obras do PAC em sete cidades e encontrou exemplos de desperdício de dinheiro público. Em Belford Roxo, o conjunto habitacional do bairro Barro Vermelho está abandonado há sete meses. O empreendimento, que começou a ser construído em 2008 por R$11.520.169,31, deveria ter 252 apartamentos para onde iriam moradores de comunidades ribeirinhas dos rios Iguaçu, Sarapuí e Botas. A iniciativa faz parte do Projeto Iguaçu, financiado pelo PAC, com objetivo de controlar inundações e com conclusão prevista para outubro do ano passado.
O local, no entanto, não tem operários trabalhando. Material de construção está espalhado no antigo canteiro de obras. O mato está alto. Como parte do tapume de proteção da área foi destruída, o acesso é livre. À noite, não há iluminação. Segundo os moradores, o complexo serve ainda para venda e consumo de drogas, já que ele fica em uma região dominada por traficantes.
Por conta própria, morador tenta evitar inundações
O Projeto Iguaçu, orçado inicialmente em R$270 milhões, também empacou em Duque de Caxias, Mesquita, Nova Iguaçu e São João de Meriti.
- Quando chove, a água chega a 1,20 metro. Não sabemos quando as famílias serão transferidas, apesar de já estarem cadastradas - afirma José Miguel da Silva, da Comissão de Fiscalização das Obras do PAC no Pilar, em Caxias.
Em Nova Iguaçu, pelo menos oito bairros estão com as obras paradas. No bairro Palhada e em outras localidades próximas, cujos investimentos chegaram a R$52.769.996,99, vias permanecem sem asfalto e saneamento.
- Isso aqui está terrível. Fizeram o asfalto em poucas ruas e foram embora, sem dar qualquer satisfação - critica o pedreiro Delânio Vieira Guimarães, de 54 anos, morador da Rua Bambuzal.
No Km 32, o auxiliar de serviços gerais Geraldo da Silva, de 42 anos, resolveu acabar com o sofrimento. Usou uma enxada para abrir um buraco, na tentativa de desobstruir o sistema de esgoto e, assim, evitar alagamentos.
- Começaram a pôr as manilhas, mas pararam com tudo. Aqui, o esgoto fica a céu aberto - conta Geraldo.
FONTE: O GLOBO
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