Jantar na casa de Marta Suplicy festeja volta ao partido de seu ex-tesoureiro
Maria Lima e Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O mensalão virou piada de salão ontem no jantar oferecido pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) para comemorar a eleição de seu aliado Rui Falcão (SP) para a presidência do PT e a volta ao convívio petista do companheiro Delúbio Soares, operador do esquema que desviou R$55 milhões para financiar apoios de partidos aliados. Ontem, a Executiva Nacional do PT recebeu a carta de Delúbio com o pedido de refiliação, que deverá ser aprovado hoje no Diretório Nacional. Mas, ontem mesmo, ao fim de várias reuniões, a decisão era votar e aprovar tudo rapidamente, tanto a volta de Delúbio quanto a eleição de Rui Falcão para a vaga de José Eduardo Dutra até 2013.
A certeza sobre a volta de Delúbio era tanta que, além da festa, seus companheiros previam que em dois dias o assunto estará morto na opinião pública. A mulher de Delúbio, Mônica, foi braço-direito de Marta na prefeitura de São Paulo.
- Eu sou católico. Para uma pessoa obter um perdão é preciso quatro coisas: o pecado, o arrependimento, a penitência e a promessa de que não vai pecar de novo. Perfeito, só Deus! As críticas à aprovação da volta do Delúbio não seguram dois dias de manchete de jornal - disse o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), do grupo de Marta e Rui Falcão.
Delúbio lembra sua tentativa de refiliação em 2009
Paralelamente à reunião da Executiva, as várias correntes do partido com representantes no Diretório Nacional analisaram o pedido de refiliação do ex-tesoureiro, um dos 39 réus do processo do mensalão. No pedido, Delúbio lembra sua fidelidade e diz que nunca se filiou a outra legenda. Em tom emocional, apela: "Eu sou PT de formação e de coração, portanto quero voltar a militar no partido". Ele lembra que, em abril de 2009, encaminhou pedido de refiliação, mas acabou retirando por recomendação da direção do PT, que temia impacto negativo na campanha de Dilma Rousseff.
No fim do dia, acompanhado de Mônica, Delúbio fez uma defesa emocionada de sua volta, durante reunião na sede do partido. Segundo presentes, Delúbio ficou com a voz embargada mas segurou o choro.
- A minha identidade política é a mesma do PT. Preciso da minha identidade política de volta - pediu Delúbio.
Sua fala surtiu efeito. Outros petistas se emocionaram e o reconfortaram. O deputado Sibá Machado (PT-AC) e o dirigente Francisco Rocha, o Rochinha, quase choraram.
- Ele segurou o choro e ficou muito emocionado. Mas agora sinto que o Delúbio está feliz e aliviado, na boa - contou o secretário de Comunicação André Vargas(PT-PR).
Havia dúvidas se o pedido de refiliação de Delúbio seria incluído na pauta do Diretório Nacional a partir de hoje. Na corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), a maioria defendia que fosse votado já.
- Uns querem esperar o julgamento do Delúbio no STF. Mas e se não julgar? Vamos jogar o cara aos leões? Quando vai ser esse momento de resolver isso? - defendeu Jorge Coelho, membro da Executiva e secretário nacional de Mobilização do PT.
O presidente do Diretório do PT em Goiás, Luiz Sérgio Bueno, nega que uma condenação de Delúbio no Tribunal de Justiça, por ter apresentado documentos falsos para continuar recebendo salário como professor da rede pública, o impeça de concorrer a uma vaga de vereador por Goiânia em 2012. Delúbio foi condenado a devolver aos cofres públicos R$164,6 mil, além de ter suspensos direitos políticos por oito anos.
FONTE: O GLOBO
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