Palocci era “consultor” heterodoxo. Na contramão dos “concorrentes”, que ganham clientes exibindo seus portfolios, preferia a “confidencialidade”, conjugada com cláusula de “êxito” atendida pela força política do deputado mais influente do segundo governo Lula.
O consultor normal diz ao cliente potencial: “confie em mim. Pergunte à empresa tal quem sou eu”. O Ministro, ao invés, trabalhava na surdina, talvez porque esse silêncio fosse a chave “para tudo dar certo”.
Faturamento de R$20 milhões no ano em que trabalhou menos? Como teria sido nos períodos de trabalho mais “árduo”?
Comparação com André Lara Rezende e Pedro Malan? Ora, o primeiro foi do mercado, aceitou ir para o governo e, após quarentena, retornou ao ponto de partida. O segundo, Ministro da Fazenda por oito anos, igualmente observou quarentena e virou dirigente do grupo Unibanco que, no processo de crise que envolveu Sadia, Banco Votorantin e outros, foi o único a não se socorrer de dinheiro público, no processo de fusão com o Itaú.
Comparação com Mailson, que foi Ministro da Fazenda de Sarney há mais de 20 anos e faz parte da conceituada “Tendências Consultoria”, trabalhando à luz solar e sem sofrer questionamentos nem de petista com dor de dente? Escapismo que soa a confissão prévia de culpa.
Uma coisa é o profissional trabalhar sem dispor de informações privilegiadas. Outra é estar com a mão na massa, dentro do e mandando no governo, trabalhando para empresas que dependem do governo.
O deputado influente que, num ano de pouco trabalho, faturasse R$20 milhões em sua “consultoria” secreta, não estaria necessariamente negligenciando suas atividades ordinárias de representante da parte da sociedade que o elegeu?
Sem estrutura empresarial prévia, que já andasse pelas próprias pernas, daria para ser, a um tempo, o parlamentar atarefado e relevante e o consultor diligente?
Empresa de consultoria, para faturar alto desse jeito teria de ter de 100 a 150 empregados. Pois quantas carteiras a “Projeto” assinou?
Palocci deverá cair, até porque virou Ministro mínimo e o papel que lhe cabia era o de Ministro máximo.
Nunca vi ninguém tão dotado de qualidades políticas e administrativas que, ao mesmo tempo, fosse capaz de se auto-sabotar tanto. Pena!
O governo perde seu cérebro. O Brasil perde quem lhe poderia vir a prestar significativos serviços.
Arthur Virgílio, diplomata, foi líder do PSDB no Senado
FONTE : BLOG DO NOBLAT
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