Repare a diferença. Em 17 de março, o "Painel" da Folha publicou uma declaração da presidente Dilma defendendo Guido Mantega, então sob intenso "fogo amigo": "Eu tenho absoluta confiança no Mantega. Ele foi escolhido por mim para ser ministro da Fazenda. (...) Não vou aceitar nenhuma tentativa de diminuir a importância dele no meu governo".
Ontem, Dilma saiu do armário para dar sua versão sobre o recuo no kit anti-homofobia, tratar o escândalo do patrimônio destrambelhado de Antonio Palocci como "politização" e dizer que ele "dará todas as explicações para os órgãos de controle, inclusive para o Ministério Público, nos próximos dias".
Apesar de a declaração ter sido recebida em toda a blogosfera como "defesa", digamos que defender mesmo, no duro, Dilma defendeu o ministro da Fazenda. No caso do chefe da Casa Civil, ela foi protocolar, evasiva, cuidadosa.
A presidente não quis se contaminar com uma crise que tratou como "dele", não do governo e muito menos dela. Quer (se vai conseguir ou não, são outros 500) ficar à distância, aguardando o resultado das investigações e temendo eventuais novas surpresas desagradáveis.
Ou seja, Dilma não se compromete com o passado nem com o presente e muito menos com o futuro de Palocci. Apesar de ser presidente da República e responsável pela indicação dele, pela lisura do governo e pelo cumprimento das promessas de campanha.
Essa obediência cega de Dilma ao script traçado por Lula é uma faca de dois gumes: Lula é um animal político, tem faro, esperteza e assumiu o comando da reação, o que é bom para ela; mas Dilma pediu socorro ao "chefe" já no primeiro embate, demonstrando fraqueza. Em governos fracos, todo mundo se sente perversamente forte. Particularmente os "aliados".
Em tempo: o suspeito número um de torpedear Mantega no início do governo era... Palocci.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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