terça-feira, 26 de julho de 2011

Mercado espera inflação maior em 2012

Especialistas mudam apostas após Banco Central indicar em comunicado que irá interromper ciclo de alta de juros

Para chefe da Fazenda, não há conflito entre estimular crescimento econômico e combater aumento dos preços

Mariana Carneiro

SÃO PAULO - A mudança no tom da comunicação do Banco Central na semana passada, em nota divulgada após nova elevação da taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação, despertou desconfiança de economistas em relação ao combate à alta de preços.

Pesquisa divulgada pela autoridade monetária, feita entre 18 e 22 de julho, mostrou que as expectativas para a inflação no ano que vem subiram de 5,20% para 5,28%.

As principais alterações nas apostas ocorreram nos dois últimos dias da semana passada. Na quarta-feira, o BC havia elevado a Selic para 12,5% ao ano.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a inflação está num "pouso suave" - expressão usada pela presidente Dilma Rousseff dias antes.

A avaliação de especialistas, no entanto, é de que o BC deu poucas informações no comunicado divulgado após sua última reunião, o que provoca "ruídos" na comunicação com o mercado.

A autoridade monetária retirou da nota a expressão sobre um ajuste "suficientemente prolongado", o que alimentou previsões de que o BC vai parar de subir os juros.

"O BC criou um pouco de ruído na gestão das expectativas de inflação, o que pode provocar um problema lá na frente", avalia o economista da LCA Bráulio Borges.

O risco é que as expectativas de inflação alta fazem com que produtores e prestadores de serviços antecipem reajustes- criando mais pressão sobre os preços.

TRÉGUA

O economista André Perfeito, da corretora Gradual, acredita que o cenário externo deve ajudar o BC no combate à inflação.
Segundo ele, o cenário internacional trará uma trégua para os preços das matérias-primas. Mas vê falha na comunicação do BC.
"Estamos num momento de incertezas. Se o BC não for claro sobre o que vai fazer fica difícil", diz.

O ministro Mantega estima que os preços no Brasil tendem a recuar em julho e agosto. Ele lembra que, em junho, a inflação já foi mais baixa que em maio.

O ministro defendeu que não há conflito entre manter o crescimento econômico e combater a inflação e indicou que o governo não conta apenas com a taxa de juros para conter a alta de preços. "Agora temos maneiras diferentes, sem derrubar a economia", disse.

Ele acrescentou que no segundo trimestre a economia cresceu em ritmo compatível com alta de 4,5% no ano, considerada ideal por ele.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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