Acompanhamos com muito interesse o desenvolvimento da crise econômica da Europa. Não pela crise em si mas pelas decorrências concretas na mais avançada experiência de unidade supranacional na política mundial.
Muito mais que a Organização das Nações Unidas, a experiência da unidade européia estabelece a possibilidade de criação de uma nova institucionalidade. Não é o velho estado-nação do fim do feudalismo e nem tampouco uma união de interesses apenas comerciais ou militares como da época do mercantilismo, das guerras “quentes” ou dos blocos alinhados e não alinhados na guerra fria.
Não se sabe direito o que é, mas com certeza é uma nova etapa do desenvolvimento das relações dos grupos humanos. E o que mais motiva é perceber que não há opção para sua continuidade que não passe pela negociação, pela democracia, pelo esforço conjunto, pela participação, se não com força definidora, de interesses difusos e minoritários como os dos imigrantes, da juventude, dos indignados, etc.
Podem Sarkozi e Merckel, do alto das posições financeiras e militares hegemônicas de França e Alemanha, pressionarem pelas soluções que julguem mais interessantes para o seus projetos de unidade, mas pelos mecanismos de deliberação da União Européia, mediadas de maior gravidade e abrangência devem ser aprovadas pelos estados participantes, quando não submetidos até mesmo a referendos populares.
Aí vê-se que os mais pobres, como os gregos e portugueses, ou os menos numerosos como islandeses e holandeses, ou os recém-chegados do leste, como ucranianos e tchecos, sem forças armadas ou bancos poderosos, terem de ser necessariamente ouvidos.
Há pouquíssimo tempo, as posições dos países seriam facilmente influenciáveis por manobras militares próximas a fronteiras, bloqueios de empréstimos de bancos “nacionais” aos “nacionais” dos outros, mecanismos de dificultação de trânsito entre os territórios, e por aí afora.
A crise do velho mundo parece abrir novas perspectivas...
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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