Depois de barrar convocação de Pimentel no Congresso, estratégia do governo agora é retirar tema do noticiário
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O Planalto deflagrou uma operação para impedir que se transformem em nova crise política revelações sobre o trabalho de consultoria do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, antes de assumir o cargo. A primeira providência foi barrar qualquer tipo de convocação para Pimentel dar explicações no Congresso. O desafio agora é desviar o noticiário do tema, para diminuir o desgaste e evitar a crise do caso Antonio Palocci, que tem semelhanças com o de Pimentel.
A preocupação ronda o núcleo do governo, mas ministros palacianos afinaram o discurso e insistem que "os fatos giram em torno do mesmo assunto" e que não há elementos para a demissão de Pimentel. Quem esteve ontem no Planalto com a presidente Dilma Rousseff também adotou o discurso da cautela.
- Não se pode demitir um ministro a cada nova denúncia. A denúncia é o primeiro estágio. Depois, é preciso investigar - disse o governador Jaques Wagner (PT-BA), que participou da cerimônia do programa de combate ao crack.
Integrantes do grupo político de Pimentel estão assustados com o surgimento de detalhes das consultorias feitas por ele entre 2009 e 2010. Há temor entre aliados e no Planalto de que surjam fatos novos. A esperança é que, com o fim de ano, as denúncias percam fôlego.
- Pimentel tem de ter uma conversa definitiva com Dilma e falar tudo o que aconteceu em detalhes. Até o momento, há desconforto com a situação. É lógico que Dilma não sabia desses detalhes das consultorias. Pimentel tem dito que não há mais nada. Mas a presidente tem que ter certeza disso para definir o que vai fazer - ressaltou um ministro.
As notícias sobre Pimentel pegaram o Planalto no contrapé, já que estava em curso um processo de recuperação da imagem dele, afastado da coordenação de campanha presidencial de Dilma após ser acusado de ter montado um núcleo de inteligência responsável por fazer um dossiê contra o ex-candidato tucano José Serra. Pimentel sempre negou a acusação.
O grupo do ministro petista teme ainda que as denúncias possam prejudicar o projeto regional dele. Até então, ele era apontado como forte candidato ao governo de Minas em 2014.
O Planalto tem convicção de que as denúncias partiram do grupo do vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, que rompeu com Pimentel. Carvalho negou e acusou o PSDB:
- Se alguém do Planalto pensa que fui eu ou alguém do meu grupo, está mal informado. Repudio com veemência essa avaliação. Aqui em Minas, o que se fala é que foi fogo inimigo do PSDB - disse.
FONTE: O GLOBO
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