Pesquisa Focus do BC reduz expectativa de alta deste ano para 2,53%; para 2013, alta cai de 4,50% para 4,30%
Fernando Nakagawa
BRASÍLIA - O mercado financeiro já aposta que, em 2012, a economia vai crescer menos que no ano passado. Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central revela que a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no ano caiu de 2,72% para 2,53%.
Com isso, analistas passaram a prever que o Brasil terá ritmo abaixo do piso de 2,7% estabelecido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O quadro reforça a expectativa de que os cortes de juro devem continuar para incentivar o consumo nas famílias e empresas.
Apesar do esforço do governo em manter a economia aquecida, a piora do quadro externo e os reflexos cada vez mais intensos sobre o Brasil desanimam economistas. Com isso, a expectativa de crescimento da economia caiu pela quinta semana consecutiva. Quando essa onda de piora teve início, no começo de maio, analistas previam que a economia cresceria 3,23%.
Tanto pessimismo começa a contaminar até o próximo ano, e a previsão para o crescimento em 2013 caiu de 4,5% para 4,3%. "É prudente aguardar os dados de junho, pois as medidas são muito recentes, mas é inegável que até agora os efeitos das medidas estão aquém do esperado", avalia Rosenberg Consultores em relatório, ao comentar o esforço do governo em incentivar o setor automotivo.
Para tentar atenuar o quadro, a equipe econômica tem adotado uma série de medidas para incentivar a economia, especialmente com o aumento do crédito e a redução dos juros. Dados recentes do IBGE mostram que o comércio continua aquecido, mas a atividade industrial e os investimentos seguem piores que o esperado. Na pesquisa do BC, a aposta de crescimento do segmento industrial em 2012, por exemplo, caiu pela segunda vez seguida, de 1,15% para 1% - menos da metade do previsto para toda a economia.
Patinando. A economia que patina reforça o entendimento de que os cortes de juro continuarão. Na primeira pesquisa realizada após a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ser conhecida na semana passada, o grupo dos analistas que mais acertam as previsões no levantamento, o chamado Top 5, reduziu a previsão para o nível do juro básico no fim do ano de 8% para 7,75%. Ou seja, a redução da taxa - cuja aposta original previa fim do ciclo em julho - tende a seguir até, pelo menos, agosto.
"Devemos condicionar os próximos passos do BC à recuperação da atividade doméstica e à postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia", diz o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco. Para o banco, a Selic cairá 0,5 ponto porcentual mais duas vezes: julho e agosto. Confirmada a previsão, o juro recuaria dos atuais 8,5% para 7,5%. Entre todos os analistas ouvidos, porém, a estimativa é um pouco mais cautelosa e segue em juro de 8% no fim do ano.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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