Presidente desautorizou titular da Agricultura a falar sobre Código Florestal
Demétrio Weber, Júnia Gama
BRASÍLIA. Apesar de adotar um tom conciliador, o deputado Homero Pereira (PSD-MT), que assumirá na quarta-feira a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária, disse que ficou apreensivo com a atitude do Palácio do Planalto de desautorizar o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB), a falar sobre negociações em torno da medida provisória do Código Florestal - atualmente em análise na Câmara. Ele afirmou que os 230 parlamentares que compõem a Frente veem no ministro da Agricultura o interlocutor natural dentro do governo.
- A porta de entrada para as nossas demandas é o ministro da Agricultura. Lógico que a gente ficou apreensivo - disse Pereira, em entrevista coletiva como presidente eleito da Frente.
Na última sexta-feira, após reunir-se com Dilma no Palácio da Alvorada, o ministro da Agricultura sinalizou que o governo estaria disposto a negociar emendas ao texto original da medida provisória que substituiu trechos vetados do novo Código Florestal. No dia seguinte, o Planalto desautorizou o ministro a falar sobre as negociações em torno do Código.
O PMDB também ficou insatisfeito com a reprimenda. Logo que a desautorização tornou-se pública, começaram os telefonemas em solidariedade ao ministro. Diversos parlamentares e até ministros se manifestaram nos bastidores a favor de Mendes, tido como um político agregador e que foi "abraçado" pela bancada do PMDB, mesmo tendo sido indicado pela própria presidente para a pasta.
- Não havia necessidade dessa desautorização. Isso dá combustível para quem torce para o desgaste da presidente com o PMDB, dá mais discurso aos insatisfeitos e contamina a relação, principalmente em ano eleitoral, em que os partidos têm que estar afinados - pontuou um cacique da legenda.
Sobre a tramitação da MP que trata do Código Florestal, o novo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária afirmou que nenhuma medida provisória sai do Congresso do jeito que chega e que não será diferente com a MP que trata do Código Florestal, mas evitou criticar o governo e disse que a comissão especial que analisa a MP é o fórum adequado para um grande acordo:
- Vamos ter que fazer um grande pacto entre produção e preservação.
FONTE: O GLOBO
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