Analistas também veem 2013 mais fraco. Mesmo com agravamento da crise, governo não tomará novas medidas por enquanto
Gabriela Valente
BRASÍLIA. O pessimismo em relação ao crescimento do Brasil é crescente. Os analistas do mercado financeiro revisaram mais uma vez para baixo as projeções para a economia, prevendo, pela primeira vez, taxa abaixo da registrada em 2011, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7%. Apesar das medidas tomadas pelo governo para incentivar a indústria e impulsionar a atividade, os economistas diminuíram a projeção para o PIB deste ano de 2,72% para 2,53%. De acordo com a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com as instituições financeiras, essa foi a quinta semana seguida de baixa nas expectativas.
- A dúvida é se as políticas de governo terão resultado. A preocupação é o fato de não haver mais espaço para incentivos porque as famílias estão muito endividadas - disse o professor Mauro Rochlin, do Ibmec.
O analista considera que a estimativa do mercado é reflexo de um primeiro trimestre medíocre. O país só cresceu 0,2% nos três primeiros meses de 2012. E para deprimir ainda mais as expectativas, existe um "quase pânico" com a crise na Europa, observa. No entanto, ele acredita que ainda há possibilidade de as famílias responderem aos incentivos do governo e a União aumentar os investimentos, que não foram bem no início do ano.
A pesquisa do BC mostra que o pessimismo aumentou também em relação ao ano que vem: a estimativa de crescimento caiu de 4,5% para 4,3% em 2013.
Os analistas ouvidos pelo BC diminuíram a previsão para a inflação, de 5,15% para 5,03% em 2012. Ainda acima do centro da meta de inflação de 4,5%, mas dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais.
Mesmo com o recrudescimento da crise na Europa, a ordem dentro do governo brasileiro é evitar medidas precipitadas para "não queimar cartucho desnecessariamente". O Executivo pretende esperar o que considera os dois grandes eventos para as economias europeias este mês - eleições na Grécia e reunião da União Europeia - e só depois decidir que novos passos deverá adotar para amortecer os efeitos da turbulência no Brasil. Por ora, a avaliação no governo é que a situação ainda não requer medidas imediatas, e a volatilidade no mercado internacional impede que se tenha a total clareza do cenário externo.
Eleição na Grécia não assusta governo
A eleição na Grécia, no próximo domingo, já foi embutida nas projeções, na avaliação da equipe econômica. O segundo grande momento é a reunião semestral da UE, prevista para acontecer em Bruxelas nos próximos dias 28 e 29 de junho, por conta da possibilidade de saída da Grécia da zona do euro. Antes disso, a presidente Dilma Rousseff terá a oportunidade de conversar pessoalmente com líderes das principais economias afetadas, durante a reunião do G-20 no fim desta semana no México.
Uma das reuniões bilaterais previstas é com a chanceler alemã Angela Merkel. Na mesma ocasião, o ministro Mantega também deverá se reunir com seus pares e, a partir daí, montar o novo diagnóstico da situação.
FONTE: O GLOBO
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