Em Londres, Dilma pediu ao presidente do PRB, Marcos Pereira, que não se alie à oposição. Coordenador da campanha de Celso Russomanno, Pereira se reuniu com José Serra (PSDB) na semana passada. A presidente visitou o estúdio da Record e encontrou-se com o bispo Edir Macedo.
Dilma age para barrar acordo Serra-Russomanno, diz aliado
Segundo dirigente do PRB, presidente orientou veto a aliança com tucanos em SP
Os dois candidatos lideram as pesquisas e teriam firmado pacto de convivência na eleição, o que preocupa o PT
Catia Seabra, Leandro Colon
BRASÍLIA, LONDRES - A presidente Dilma Rousseff fez ontem uma recomendação ao presidente do PRB, bispo Marcos Pereira: "Por favor, não me faça aliança com partidos que não são da base do governo".
O recado, relatado pelo próprio Pereira, ocorre seis dias após um jantar entre ele e o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra.
Coordenador da campanha de Celso Russomanno (PRB), empatado tecnicamente em primeiro lugar com o tucano, Pereira se reuniu com Serra para selar um pacto de convivência durante as eleições.
Pereira diz ter entendido a mensagem. "Ela fazia alusão ao encontro com Serra. Para bom entendedor, uma palavra basta."
Foi Pereira quem abordou o tema durante visita da presidente aos estúdios da TV Record, em Londres, por conta da Olimpíada. Numa reunião reservada de Dilma com o dono da emissora, bispo Edir Macedo, e integrantes da cúpula da Record, Pereira perguntou a Dilma se ela participaria da campanha.
A presidente, segundo ele, afirmou que pedirá votos onde já há polarização oposição versus governo, mas que vai esperar o cenário se desenhar nas cidades onde a base tem mais de um candidato.
Isso ajudaria Russomanno e Gabriel Chalita (PMDB) em São Paulo, mantendo o ex-presidente Lula como o único cabo eleitoral de Fernando Haddad (PT).
"Ela disse que tem três candidatos da base no primeiro turno e que vai aguardar. Isso é bom para nós porque ela está com a popularidade alta e muita gente votaria em seu candidato", disse Pereira.
Na avaliação do PRB, uma possível neutralidade de Dilma tornará mais difícil a Haddad crescer em setores médios e conservadores que têm resistência a Lula.
A presidente já tem se mantido afastada da campanha petista. No início de junho, rejeitou pedido para gravar um vídeo de apoio a Haddad para evento que o lançou candidato. A festa foi usada para gravar as primeiras cenas de seu programa eleitoral.
Recentemente, Russomanno tem feito acenos em direção à Serra, mas trocado farpas com Haddad.
A reunião em Londres é mais um indicativo de que a presidente tem deixado de lado seu perfil de atuação política discreta.
Diante do esfacelamento da aliança com o PSB de Márcio Lacerda em Belo Horizonte, por exemplo, ela interveio pessoalmente para lançar Patrus Ananias (PT).
Na conversa em Londres, Dilma também falou sobre crise na Europa e afirmou que lançará um novo pacote anticrise dentro de três meses, diz o presidente do PRB, que é bispo da Universal e ex-executivo da Record.
Dilma chegou aos estúdios da emissora acompanhada do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e da secretária de Comunicação, Helena Chagas.
Recebida por Edir Macedo, visitou as instalações, deu entrevista e teve encontro reservado com a cúpula da TV.
Colaborou Bernardo Mello Franco
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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