Eduardo Campos faltou a encontro, que teve presença de tucano
Mariana Timóteo da Costa, Michel Filho
SÃO PAULO - Oito governadores petistas, da base aliada e até um da oposição visitaram ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, para prestar-lhe "solidariedade e carinho". A reunião, no Instituto Lula, ocorreu após o resultado do julgamento do mensalão, das denúncias envolvendo o escritório da Presidência na capital paulistana, que resultaram na Operação Porto Seguro, e as acusações de Marcos Valério contra Lula e o presidente do instituto, Paulo Okamoto. Participaram Tião Viana (PT-AC), Jaques Wagner (PT-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), Cid Gomes (PSB-CE) e Silval Barbosa (PMDB-MT), além do vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.
Enquanto Cabral disse que se tratava de um "um encontro de alegria para rever o homem mais querido desta nação, que fez tanto por nós, brasileiros", Cid e Agnelo falaram sobre a verdadeira natureza da reunião. O primeiro disse que os governadores foram a São Paulo para mostrar que estão "indignados" com as acusações contra Lula, "desrespeitosas com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil". Já Agnelo afirmou que as acusações são uma "ameaça à democracia brasileira". Em referência a Valério - que, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, segundo o jornal "O Estado de São Paulo", disse que pagou despesas pessoais de Lula com dinheiro do mensalão e acusou Okamoto de ameaçá-lo de morte -, Agnelo disse:
- Essas condenações são criminosas. Só confia em vigarista dessa ordem quem quer dar voz para isso.
Para Cid, há uma "onda, que não faz jus ao trabalho que Lula fez". Indagado sobre quem seria o responsável por essa onda, disse:
- Não sei, pode começar pelo Marcos Valério.
"Somos gratos a ele", diz Cid Gomes
Segundo os governadores, a reunião foi amistosa, "como um encontro de Natal e de bons desejos de Ano Novo". Uma das ausências mais sentidas foi a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE), que, segundo Cid, não foi porque tinha compromissos em Recife, "mas em breve também virá se solidarizar ao Lula". Cid negou que haja uma intenção maior de articulação entre os governadores para bloquear qualquer tentativa de se investigar as alegações de Valério e as denúncias envolvendo a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, próxima de Lula.
- Viemos aqui como amigos do Lula mesmo, somos gratos a ele - disse Teotônio Vilela Filho, que, indagado sobre se a visita geraria algum desconforto com a oposição tucana de seu partido, que já disse querer uma apuração mais rigorosa das denúncias, declarou "eu creio que não".
O encontro, que também teve a participação do escritor Fernando Morais, foi fechado aos jornalistas. Lula apenas posou para fotos. Segundo o governador do Ceará, "questões brasileiras em geral foram discutidas, como a questão dos royalties, além da necessidade de se fazer uma reforma política". O mensalão, segundo ele, não foi tema do encontro. Sobre o julgamento, Jaques Wagner pediu "tranquilidade" ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Câmara dos Deputados.
- O episódio é traumático, mas por isso mesmo, temos que esperar a conclusão, a publicação dos acordos. Há um trânsito natural e acho que as pessoas estão se precipitando - disse ele, para quem cabe à Câmara proclamar a perda de mandatos dos deputados.
Fonte: O Globo
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