Por si sós, os indicadores da economia no início de 2013 – frustrantes quanto às projeções de crescimento e de persistência da pressão inflacionária – configuram-se como desafio central para a presidente Dilma Rousseff, cuja imagem de “gerente” é predominantemente associada a eles. E cujas pretensões de passar a ter um peso bem maior no plano propriamente político, tendo em vista a campanha reeleitoral de 2014, deverão ser também limitadas por outro fator: um salto da influência do PMDB no Congresso por meio da presidência das duas Casas (a serem renovadas no começo de fevereiro), em prejuízo da exercida pelo Executivo, potencializada no primeiro biênio de seu mandato pelo controle petista da mesa da câmara.
O duplo comando legislativo e o reforço com a ocupação da vice-presidência da República possibilitariam ao PMDB conduzir um processo de recuperação da autonomia do Congresso perante o Palácio do Planalto, bem como de suas funções institucionais básicas – quase por inteiro anuladas pelo uso abusivo de Medidas Provisórias (fator importante do amesquinhamento fisiológico e da ineficiência dessas funções). Tais metas, porém, colidiriam com o “espírito” da composição do partido com o petismo (acertada em 2005 após a denúncia do mensalão) e não serão buscadas pela direção do partido. Mas, ao menos, e positivamente, deverá reduzir-se o grau de submissão ao Executivo e de partidarização petista da presidência da Câmara (bem ilustrada pela oferta de “asilo” da Casa a condenados do mensalão, feita pelo atual titular Marco Maia em dezembro, último, após o julgamento deles pelo STF.
Os objetivos, bem pragmáticos, da direção do PMDB, no novo cenário do Congresso, serão certamente a defesa e a busca de ampliação do espaço na cúpula e em outros órgãos da máquina estatal, de par com a afirmação dos interesses do partido na próxima disputa presidencial (e nos pleitos paralelos), numa aliança com o governo Dilma cuja efetivação será condicionada pelo sucesso da recuperação da economia e pela preservação do favoritismo da candidatura oficial.
O relacionamento com um PMDB mais ambicioso na atuação no Congresso, em sua presença no Executivo e no posicionamento quanto à sucessão do Palácio do Planalto, no contexto de fragilização da chefe do governo em face dos problemas da economia, explica a retomada pelo ex-presidente Lula das articulações para que se mantenha a coalizão político-partidária federal e para a montagem da campanha presidencial de 2014. O que foi anunciado enfaticamente por porta-vozes dele, ao final de encontro do Instituto Lula, realizado anteontem em São Paulo. Quando dois dirigentes da entidade, Paulo Okamoto e Paulo Vannuchi, de um lado negaram rumores sobre troca de candidatura de Dilma pela de Lula e, de outro, proclamaram que o ex-presidente passará a jogar “toda sua energia” na articulação da aliança e em favor da reeleição de Dilma.
Jarbas de Holanda é jornalista
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