Deveria ser extremamente salutar para a democracia um debate acalorado sobre a biografia e as qualidades dos postulantes aos mais importantes cargos do Poder Legislativo da República, as presidências da Câmara dos Deputados, do Senado e do Congresso Nacional e, por consequência, substitutos e sucessores constitucionais da Presidente da República.
Que bom seria conhecer e debater seus projetos relevantes, sua produção conceitual e teórica, seus alinhamentos internacionais, suas referências ideológicas e políticas, suas realizações objetivas para a consolidação democrática do país, suas ações no combate à corrupção (quá! quá! quá! quá!) e outros temas que retratassem a importância dos cargos em disputa.
Mas o que se vê é uma sucessão de ocorrências, atuais e passadas, nada dignificantes para os postulantes aos cargos, e por decorrência para todos nós, eleitores do Brasil, que os colocamos lá. Tráfico de influência, desvio de verbas, casos amorosos bancados por empreiteiras, renúncia para não cassação , assessores demitidos, filhos e parentes comissionados em órgãos públicos, empresas fantasmas, até um bode chamado Galeguinho.
Não bastasse isso vê-se o Poder Executivo bancando entusiasticamente as postulações e a oposição simplesmente fazendo-se de morta para abocanhar a parte que lhe cabe desse latifúndio - os "carguinhos" nas mesas e nas comissões, suas verbas e os outros "carguinhos" de assessorias e outras vantagens decorrentes.
O pior é que, por mais que se pesquise, não se encontra nas biografias dos candidatos favoritos, Renan Calheiros à presidência do Senado e Henrique Alves à presidência da Câmara, referências a coisas e temas importantes. O que mais se vê, tirando a vasta produção de escândalos e indícios de malfeitos, é um prolífico trabalho de facilitação de atendimento de demandas "das bases" junto aos executivos, encaminhamento de emendas, indicações para cargos públicos e apoios eleitorais.
Tudo que almeja, faz e seduz o chamado "baixo clero" do Parlamento, só que em volume e velocidade exponenciais. Eles são o "creme de la creme", o "must", o "top" do baixo clero e se vangloriam disso.
O que também espanta é que não são apresentadas alternativas, nem que seja com anti-candidaturas com um mínimo de conteúdo. Uma pobreza institucional de dar dó. É a geléia geral brasileira em pleno funcionamento.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário