Átila Lins, do PSD, foi indicado após derrota em disputa no TCU
Isabel Braga
BRASÍLIA - O deputado Átila Lins (AM), do PSD, partido de Gilberto Kassab, deve ser o próximo corregedor-geral da Câmara, no novo formato de uma Corregedoria autônoma que está em estudo pelo presidente recém-eleito, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A decisão política já havia sido tomada nas negociações para a eleição de Henrique Alves e foi reafirmada, depois, a diferentes interlocutores pelo próprio presidente.
A Corregedoria é um dos órgãos da Câmara encarregados de apurar denúncias contra os próprios deputados. Caberá ao novo corregedor a tarefa de receber as defesas dos quatro deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, além de apresentar os pareceres à Mesa Diretora. Na lista, José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). O STF determinou a cassação automática dos mandatos ao condená-los por envolvimento no esquema. O presidente da Câmara afirmou na semana passada que fará um processo rápido para executar a sentença da Suprema Corte.
Segundo líderes partidários, Henrique Alves decidiu contemplar Átila Lins até como uma forma de compensação pelo fiasco pelo qual o colega passou na última eleição para a vaga no Tribunal de Contas da União a que a Câmara tinha direito. Átila Lins foi candidato concorrendo com a ex-deputada Ana Arraes, que venceu a disputa. Na época, ele ainda era do PMDB e foi rifado pelo partido, já que muitos peemedebistas cederam ao apelo feito pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), filho de Ana Arraes, e votaram na ex-deputada.
Legenda havia recusado vaga
Os colegas enfatizam que Átila Lins tem perfil para a vaga, embora seu partido, o PSD, tenha recusado essa missão atrelada ao cargo de segundo vice-presidente da Mesa, que acabou sendo ocupado pelo deputado Fábio Faria (PSD-RN). Ainda assim, o amazonense tem apoio dos colegas de bancada. Precavido, Átila Lins prefere aguardar a indicação oficial, mas deixou claro que não vê problemas na condução da Corregedoria. Na verdade, o parlamentar atuou fortemente nos bastidores para emplacar sua indicação.
O líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR), explica a importância de a Corregedoria tornar-se um órgão autônomo:
- A decisão de tornar a Corregedoria autônoma, com indicação do presidente e sem estar vinculada a nenhuma das vagas da Mesa, tem por objetivo não dar a conotação de que é o espaço de um partido político - afirmou o parlamentar.
Criado em 2011, o PSD ocupa pela primeira vez uma vaga na Mesa. O escolhido para o cargo de segundo vice-presidente, Fábio Faria, foi citado no escândalo da farra das passagens aéreas como um dos deputados que usaram a cota parlamentar para pagar bilhete a celebridades. Entre os artistas estava Adriane Galisteu, sua ex-namorada. Faria devolveu à Casa o dinheiro das passagens.
Na semana que antecedeu a eleição para os cargos da Mesa Diretora, o então presidente, Marco Maia (PT-RS), chegou a assinar um ato retirando a Corregedoria da segunda vice-presidência e transferindo-a para a terceira secretaria. Agora, para que a Corregedoria se torne um órgão autônomo, é necessário que o plenário aprove um projeto de resolução. Não há ainda previsão para a realização da primeira reunião da nova Mesa Diretora, onde o assunto deverá ser discutido.
Fonte: O Globo
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