Cientista político do Iuperj diz que sobrevivência política de Dilma depende de mudança radical no modo de governar
Karine Rodrigues
Dilma soube ouvir a voz das ruas ao propor reforma política por plebiscito?
Foi uma saída atabalhoada. Ela pensou que seria um golpe de mestre tirar a crise das ruas e botá-la nas instituições. Pôs a bomba no colo do Congresso e disse: "Agora vocês têm que fazer o que eu estou determinando". Mas, depois, percebeu que as resistências no Congresso eram muito fortes. O plebiscito não tem condições de ir adiante. Não há tempo hábil para se organizar um sobre assuntos tão controversos, nem condições políticas, pois isso suporia um consenso entre os políticos. Não é à toa que o Congresso discute há mais de dez anos propostas de reforma política.
Com a resistência ao plebiscito, até da base aliada, qual a situação da presidente hoje?
Ela está pagando o preço por seu estilo de governar, centralizador e autoritário. Em momento algum ouviu a sua base ou discutiu o assunto com os governadores, muito menos com os presidentes da Câmara e do Senado. Apelou para o povo diretamente. O pior é que ficou só porque todo muito rejeitou as propostas. Nem a rua comprou as ideias dela. Você não viu cartazes com "queremos plebiscito", "queremos reforma política".
Tem como se recuperar?
Ela chegou a um impasse. Tem de mudar totalmente de estilo e tentar ganhar a confiança do Congresso para ter estabilidade e seguir adiante. Pode ser que, desta crise, resulte um novo estilo. A sobrevivência política dela vai depender disso.
Fonte: O Globo
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