Partido convoca militância para ir às ruas na quinta-feira lutar pela consulta popular pedida por Dilma
Fernanda Krakovics
Repreensão. Rui Falcão obrigou líder do PT a negar dificuldade de plebiscito
BRASÍLIA - Apesar da divisão do partido e de seus integrantes terem passado o dia dando declarações desencontradas, a Executiva Nacional do PT, reunida ontem, decidiu apoiar não só a realização de um plebiscito imediato sobre reforma política, válido para as próximas eleições, como ressuscitou a proposta de uma Constituinte exclusiva para aprofundar essa reforma. Os petistas estão conclamando a militância a ir às ruas, na próxima quinta-feira, para defender o plebiscito, aproveitando as manifestações organizadas pelas centrais sindicais no "Dia Nacional de Luta com Greves e Mobilizações". O PT pretende ainda utilizar metade de seu horário eleitoral gratuito de rádio e TV no segundo semestre para defender a reforma política.
Na reunião da Executiva, porém, além de questionamentos quanto à viabilidade de uma reforma política a tempo de vigorar nas próximas eleições, integrantes do partido reclamaram da articulação política do governo Dilma Rousseff, de seu distanciamento dos movimentos sociais e de supostos problemas de comunicação.
Presente em parte da reunião fechada, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) reconheceu que o cenário não é "róseo" e disse que "não vai ser fácil", referindo-se às manifestações das últimas semanas e à queda de popularidade da presidente. Ela se emocionou, pediu unidade do partido e apoio ao governo.
- Houve uma reafirmação do apoio à presidente Dilma, mas é preciso que o governo mude sua relação e sua comunicação. Precisa dialogar mais. Os que falaram se posicionaram contra o "volta, Lula", porque isso prejudica o governo. É pior do que antecipar (as eleições de) 2014 - relatou o senador Jorge Viana (AC).
Ao chegar no fim da manhã à reunião da Executiva - ele estava no Palácio do Jaburu, com o vice Michel Temer, líderes da base aliada e ministros do governo -, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), jogou a toalha quanto à realização de um plebiscito com validade para as eleições do ano que vem:
- Há problemas técnicos e de prazo, e o princípio da anualidade é uma cláusula pétrea. Há dificuldade para fazer o plebiscito neste ano. Não dá para decidir uma questão como essa sem o Congresso.
Ao ser informado da declaração de Guimarães, o presidente do PT, Rui Falcão, ficou contrariado. Enquadrado, o líder mostrou irritação ao deixar a reunião e negou sua fala anterior.
No fim do dia, o partido soltou nota: "A Comissão Executiva Nacional do PT manifesta a defesa da imediata reforma política, com efeitos já para as eleições de 2014, e com resultados duradouros e estruturais definidos em uma Assembleia Constituinte Exclusiva sobre o tema da reforma política, cuja convocação propomos seja submetida à consulta popular em plebiscito".
Em entrevista, Rui Falcão, indagado sobre o recuo de Michel Temer (PMDB), respondeu:
- Acho que foi um avanço, não um recuo.
Mas a divisão no PT era clara.
- O TSE, ao definir que precisa de 70 dias, inviabilizou qualquer hipótese de plebiscito que valha para 2014 - disse o deputado Cândido Vaccarezza (SP).
Fonte: O Globo
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