O sinal mais flagrante da perda de rumo de Dilma Rousseff e sua equipe é o programa “Mais Médicos”. Tonteados pela forte e inesperada queda de popularidade da presidente e da avaliação do seu governo – e pelas manifestações populares que pela primeira vez em muitos anos escaparam ao controle do PT e das centrais sindicais instrumentalizadas – saíram tresloucados a busca de uma agenda positiva, em especial procurando enfrentar a questão da péssima avaliação da área da saúde em nosso país.
Esse é um problema que afeta a todos os brasileiros e vem se agravando nos últimos anos pela omissão do próprio governo central que vem procurando transferir aos Estados e Municípios o ônus do atendimento médico atingindo, pelas dificuldades desses níveis de governo, a todos os cidadãos que necessitam do apoio estatal.
A surpresa é o governo federal procurar vender a ideia que a questão se limita à falta de médicos nas regiões mais afastadas e onde vivem as populações mais carentes do país. A verdade não é essa. Em todo o país a demanda é superior à capacidade de atendimento do sistema de saúde. As filas e o péssimo atendimento estão por toda parte. Todos sabem que a carência não é só de médicos. É muito mais a falta de toda a estrutura de apoio aos serviços de saúde: recursos humanos os mais diversos, leitos, equipamentos, laboratórios, medicamentos e, além do volume crescente de recursos necessários que não aparecem, falta gestão eficiente do setor.
A falta de médicos é o que mais salta à vista, mas é apenas o sinal mais visível da falência do atendimento estatal.
O governo ao atacar apenas a questão da falta de médicos, jogou uma cortina de fumaça para enganar a população procurando mostrar uma preocupação, tardia, em relação ao sofrimento de milhões de brasileiros. Puras medidas demagógicas, irresponsáveis, com os olhos voltados para as eleições próximas. Tomou uma medida, ilegal a meu ver, que terá – se tiver - resultados a partir da próxima década, ao obrigar alunos de cursos públicos e privados a trabalhar, compulsoriamente, para o sistema SUS. E, no curto prazo, pretende importar médicos que passariam, quase imediatamente, sem qualquer avaliação mais séria quanto à sua formação e competência, a atender a população nos locais que o governo federal determinar. Um salto no escuro feito sem respeitar as opiniões dos especialistas do próprio setor de saúde.
São gestos de desespero de quem está à deriva. Mesmo que existam médicos que se submetam a esse recrutamento, e que sejam de fato profissionais preparados, não podemos esperar grandes resultados pelo fato de não terão em suas mãos os recursos materiais necessários para enfrentar os desafios que vão encontrar pela frente.
Infelizmente Dilma e seus aloprados – os antigos e os mais recentes – não mostram o mínimo respeito às demandas do nosso povo e colocam em risco um setor vital para a vida de milhões, submetendo-o aos seus interesses eleitorais.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, foi governador de S. Paulo
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