domingo, 14 de julho de 2013

Engajamento agora é outro, revela pesquisa

Roldão Arruda

Os jovens brasileiros desconfiam dos políticos e estão cada vez mais desencantados com os partidos isso não provoca, no entanto, o seu afastamento automático de atividades politicamente engajadas, ligado a organizações que se caracterizam pelo uso de redes sociais e pela estrutura pouco hierarquizada, um número significativo de jovens está se mobilizando em tomo de um amplo leque de questoes políticas e sociais,

Temas que vão da mobilidade urbana à organização de grupos de hip hop e cirieclubes na periferia das grandes cidades fazem parte do cotidiano desses moços e moças, de acordo com três grandes pesquisas realizadas recentemente sobre juventude no Brasil. Embora conduzidas por diferentes pesquisadores e com focos diversos, as três apontaram na mesma direção.

A mais ampla delas, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi concluída no ano passado. Ouviu cerca de quatro mil jovens e a análise de seus resultados ainda não foi completamente esgotada,

Denominada Juventude e a Experiência da Política no Contemporâneo, essa pesquisa focalizou grupos organizados e fora das estruturas políticas partidárias, O resultado surpreendeu os pesquisadores, sobretudo pela sua variedade.

Foram localizados desde estudantes fortemente articulados no Movimento Passe Livre na rgião Sul a grupos de hip hop no Nordeste. A lista também inclui jovens em sindicatos rurais, coletivos em escolas públicas e privadas e rádios comunitárias, entre outros casos, "Nos deparamos com muitos grupos em diferentes inserções,.em torno de algum objetivo comum, visando alguma transformação social”, diz a i coordenadora da pesquisa, a psicóloga Lucia Rabello de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Uma das características desses grupos que mais chamaram a atenção foi o desencanto com as formas convencionais de fazer política, “Eles se queixam de estruturas muito verticais e hierarquizadas, com pouco es: paço para o que têm a dizer”, relata a coordenadora.

Periferia* Também em 2012, quando ainda pareciam inimagináveis as marchas de protesto j ocorridas neste ano, a pesquisa Comunicação e Juventudes em Movimento, organizada pelo Instituto Brasileira de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),apontou na mesma direção.

Mesmo com foco mais restrito, de estudos de caso, ela detectou a efervescência cie movimentos de jovens de periferia que recorrem cada vez mais a novas tecnologias de comunicação para se organizar e agir.

A coordenadora da pesquisa, socióloga Marina Ribeiro, observa que, embora a porcentagem de jovens organizados ainda seja muito pequena, é significativo o fato de estarem se estruturando cada vez mais fora dos partidos, sindicatos e movimentos sociais já conhecidos. A estudiosa também assinala a existência de um alto grau de insatis fação entre esses jovens.

Ela é causada por razões que vão da precariedade de serviços públicos à falta de acesso a bens de consumo, “Foram essas insatisfações que levaram um millião de pessoas às ruas”, diz.

"A terceira pesquisa, Quebrando Mitos Juventude, Participação e Políticas, é a mais antiga das três. Realizada em 2008, ela detectou insatisfação dos jovens com a estrutura partidária onde menos se esperava, entre militantes de partidos.

Para a coordenadora do estudo, a socióloga Minam Abramovay, o resultado foi um anúncio: “Ao rever o que apuramos no levantamento, concluo que tudo o que vimos agora na ma está sendo anunciado há algum tempo".

Fonte: O Estado de S. Paulo

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