sábado, 30 de novembro de 2013

Encontros suspeitos de Cardozo

Ministro da Justiça se reuniu, na época em que era deputado federal, pelo menos duas vezes, com Lobistas acusados de subornar tucanos. Ele não lembra

Paulo de Tarso Lyra e Luiz Carlos Azedo

0 ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teve pelo menos dois encontros comArthurTeixeiráe Sérgio Teixeira (morto em 2011) na época em que era deputado federá. A informação foi dada pelo advogado de defesa de Arthur, Eduardo Pizarro Camelôs. Arthur é proprietário da Procint consultoria e Sérgio era dono da Constech. As duas empresas são suspeitas de pagar propina a parlamentares do PSDB e a secretários do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em troca de vantagens nos contratos firmados com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e com o Metrô de São Paulo.

De acordo com Eduardo Pizarro, Sérgio foi procurado, há mais de 10 anos, por um amigo pessoal que teria lhe dito que o recém-eleito deputado José Eduardo Cardozo "gostaria de conhecer melhor os setores de energia e transporte metroferroviário, os quais oderiam ser objeto de sua atuação no exercício de seu mandato".

A sugestão foi aceita e foram realizados, segundo o advogado de Arthur, dois encontros em Brasília, quando "Arthur e Sérgio demonstraram ao deputado como a indústria nacional poderia ser fortalecida por ação governamental em ambos os setores" Segundo o defensor de Arthur, nos dois encontros não foram debatidos nenhum projeto específico nem qualquer questão que pudesse ser classificada como ilícita "Aliás, assim sempre foram os contatos mantidos por Arthur e Sérgio com outras autoridades públicas com as quais tiveram relacionamento em razão de suas regulares atividades profissionais."

O nome da Procint aparece no dossiê apócrifo entregue a Car-dozo em junho deste ano pelo deputado estadual Simão Pedro (PT-SP), atual secretário de serviços da prefeitura de São Paulo. Na denúncia, encaminhada pelo ministro à Polícia Federal, a Procint é apontada como a responsável pelo pagamento de supostas propinas a parlamentares tucanos, como o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e secretários estaduais como José Aníbal (Energia) e Edson Aparecido (Casa Civil). Arthur Teixeira nega as acusações.

Sem memória
Procurado pelo Correio, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não se lembra dos supostos encontros com Arthur e Sérgio, no início de seu mandato. Acha, inclusive, que eles não ocorreram, já que "o setor de transportes e energia não faziam parte de seu rol de atuação parlamentar". Entretanto, ele admite que, ao longo do período como deputado, reuniu-se e conversou com diversas pessoas e que pode, eventualmente, ter contactado alguém para auxiliar em pareceres jurídicos no período em que era dá Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

O ministro acrescenta, no entanto, que o fato de ter ou não se encontrado com os empresários não altera em nada as investigações conduzidas pela Polícia Federal. "Eu mandei investigar as denúncias. Está claro que essas informações partem de alguém que está querendo desviar as investigações do trilho", prosseguiu. "Eles queriam que eu rasgasse as denúncias, mas as enviei à Polícia Federal e quem tiver culpa no processo será punido", assegurou. No Planalto, o ministro da Justiça segue prestigiado. "Isso é uma cortina de fumaça que o advogado quer jogar sobre o processo", afirmaram interlocutores palacianos.

Fonte: Correio Braziliense

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