sábado, 14 de dezembro de 2013

Barbosa vira alvo de ataques em ato organizado pelo PT

Parlamentares e parentes dos condenados criticaram presidente do STF

Líder do partido na Câmara, Guimarães disse que todo petista precisa sair em defesa dos presos em 2014

Bernardo Mello Franco e Mariana Haubert

BRASÍLIA - O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, virou alvo de ataques ontem durante ato de desagravo do PT aos presos do mensalão.

Parlamentares e parentes dos réus se uniram para criticar o ministro, que foi relator do julgamento do maior escândalo do governo Lula.

Os ataques foram iniciados por Joana Saragoça, 24, filha do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Ela mirou o STF e foi muito aplaudida ao defender o pai.

"O que se viu foi uma série de violações conduzidas pelo ministro Joaquim Barbosa para manter de pé a tese do mensalão, uma história mal contada e sem provas", disse ela. "Meu pai está preso injustamente por ter lutado para fazer do Brasil um país melhor. Todos sabemos que o julgamento foi marcado pela exceção", acrescentou.

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que aguarda em liberdade o julgamento de seu último recurso, desafiou Barbosa. Ele voltou a contestar a condenação pela prática de peculato (desvio de dinheiro público por servidor).

"O que eu tenho pedido é o seguinte: Diga, ministro Joaquim Barbosa, o que foi que eu desviei. Ele não diz. Sabe por que ele não diz? Porque não tem", disse Cunha.

Homenageado no debate por sua defesa dos condenados, o jornalista Raimundo Pereira, 78, também atacou Barbosa. Ele estendeu os ataques a outro ministro do STF, Gilmar Mendes, a quem acusou de dizer "mentiras deslavadas" sobre os réus.

"Estou dizendo isso porque sou mais velho do que ele. Ele pode me chamar para as vias de fato, se quiser", afirmou.

O presidente do PT, Rui Falcão, assistiu aos ataques ao STF sem se manifestar.

Incômodo
Petistas também expressaram incômodo com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, que evitaram defender os réus na abertura do encontro, anteontem.

O Planalto trabalhou nos bastidores para evitar que a presidente fosse vinculada a atos de desagravo do partido, que tem necessidade de dar resposta ao público interno.

Irmão de José Genoino, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou que todo o partido precisa sair em defesa dos presos na campanha eleitoral de 2014.

"Não tem como separar o PT desses companheiros", disse. "Se eu disputar outro cargo, vou continuar a defender os nossos companheiros. Eu não me envergonho de ser irmão do Genoino."

O deputado também incitou os militantes a sair com a estrela do PT na lapela e a defender os condenados.

"Ninguém pode se intimidar nem levar desaforo para casa", disse. "Não tem que ficar chorando pelos cantos, não. Temos que ir para as ruas e desfraldar a bandeira do PT. Estamos doídos, mas não estamos mortos."

Ele acrescentou que os parentes dos réus só encontraram forças "para suportar estes últimos dias de 2013" graças ao apoio de militantes e movimentos sociais.

Black Blocs
Hoje os petistas discutirão o texto final do encontro, com orientações para 2014.

Uma ala do partido quer tirar da versão original as críticas ao vandalismo nas manifestações de rua e à ação dos "black blocs".

Novo secretário de comunicação do partido, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo, disse que alas jovens do petismo consideram esse método "legítimo".

Fonte: Folha de S. Paulo

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