Em tempos de votos para um próspero ano-novo, a presidente Dilma Rousseff discursou ontem, em rede nacional de rádio e televisão, com uma mensagem positiva de incentivo aos brasileiros. Ela reforçou os programas sociais carros-chefes do governo e atacou alguns setores por criticarem o fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o surto inflacionário ao longo de 2013. "Nos últimos anos, somos um dos raros países do mundo em que o nível de vida da população não recuou ou se espatifou em meio a alguma grave crise", comentou. A menos de um ano para as eleições em que será candidata à reeleição, Dilma deixou a oposição perplexa com o esbanjo de otimismo. Para eles, a reação do país à crise internacional veio tarde.
O discurso foi dominado pela questão econômica. O país que, segundo ela, nunca apoiou tanto o empreendedor individual, o pequeno e o médio empresário, é apontado entre aqueles com o melhor futuro. "Sinto a alegria de poder tranquilizar vocês, dizendo-lhes que entre 2014 com a certeza de que o seu padrão de vida vai ser ainda melhor do que você tem hoje. Sem risco de desemprego, podendo pagar suas prestações, em condições de abrir sua empresa ou ampliar o seu próprio negócio", enalteceu a presidente.
Ainda de olho na economia, ela frisou as ações para infraestrutura, com a ampliação de estradas, portos e aeroportos. Prometeu continuar a luta contra a carestia, ao admitir que há problemas, mas destacou que a "guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas".
Ela também aproveitou a ocasião para fazer referência indiretamente às manifestações de junho e reiterou pontos abordados nos compromissos anunciados por ela no meio do ano. "Continuamos a difícil luta pela melhoria da saúde e da educação, setores em que ainda temos muito a fazer, mas estamos conseguindo avanços", disse. Entre as melhorias, ela citou o Mais Médicos, o programa de concessão de bolsas de estudo no exterior Ciências sem Fronteiras e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). No entanto, ela evitou comentar promessas não cumpridas, como a realização de um plebiscito sobre a reforma política.
O líder do DEM no Senado, senador José Agripino (RN), considerou a fala da presidente lamentável. "O país está ficando sem competitividade por conta dos ajustes fiscais, da carga tributária, do câmbio, da inflação e da burocracia", afirmou. "A presidente insiste em falar, em termos ufanísticos, de coisas do passado como se fossem presentes. Isso é preocupante", acresentou.
As críticas também vieram do governador de Pernambuco e provável candidato a Presidência, Eduardo Campos (PSB). Em uma rede social, ele reclamou do despreparo do Executivo para lidar com os desastres causados pelas chuvas. "Infelizmente, em Brasília ainda é regra esperar o pior acontecer para tomar alguma medida."
"Somos um dos raros países do mundo em que o nível de vida da população não recuou ou se espatifou em meio a alguma grave crise"
Dilma Rousseff, presidente da República
"A presidente insiste em falar, em termos ufanísticos, de coisas do passado como se fossem presentes. Isso é preocupante"
Agripino Maia, líder do DEM no Senado
Fonte: Correio Braziliense
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