Governador de Pernambuco diz que seu partido já havia alertado sobre desastres naturais
RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), usou ontem seu perfil no Facebook para acusar o governo federal de "esperar o pior acontecer" para agir no Espírito Santo, onde 24 pessoas morreram e mais de 60 mil pessoas deixaram suas casas por causa da chuva.
O pré-candidato à Presidência escreveu que, em março de 2012, o então ministro da Integração, Fernando Bezerra (PSB-PE), apresentou à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a minuta de uma Medida Provisória para facilitar o acesso a recursos por municípios atingidos por desastres naturais.
A MP foi publicada no "Diário Oficial" da última quinta-feira.
"Sempre digo que não adianta colocar uma tranca na porta da sala depois que o ladrão já assaltou a casa. [...] Infelizmente, em Brasília ainda é regra esperar o pior acontecer para tomar alguma medida. [...] A MP foi publicada somente agora, depois de passar quase dois anos parada", escreveu Campos.
O governador, que é ex-ministro de Lula e rompeu recentemente com o governo Dilma, afirmou ainda: "Foi preciso que uma tragédia se abatesse sobre o Espírito Santo para que finalmente o processo avançasse. Ou seja, o governo não encontrou uma solução rapidamente; a solução estava na mesa, esperando para ser lida há dois anos".
"Este é o tipo de ineficiência administrativa que o brasileiro se cansou de ver, e que mostra que Brasília continua morando num Brasil bem diferente daquele que viu o povo ir às ruas no meio do ano", afirmou o governador.
A presidente Dilma Rousseff havia defendido a publicação da Medida Provisória em sua conta no Twitter na sexta-feira. "Com essa MP, prefeitos e os governadores poderão planejar, fazer projetos e mais rapidamente investir na prevenção dos desastres naturais."
A Folha não conseguiu contatar a Casa Civil ontem.
À coluna "Painel" de anteontem, Gleisi negou que os estudos para a MP tenham começado no ano passado. Segundo a ministra, eles foram iniciados no segundo semestre deste ano.
Essa não é a primeira vez que Campos usou as redes sociais para criticar a União. Na semana passada, o governador criticou a aplicação e fiscalização do dinheiro destinado ao Bolsa Família, principal bandeira social do PT.
Fonte: Folha de S. Paulo
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