O início do ano é tradicionalmente um período de otimismo e esperança. É quando os planos se renovam e há força de vontade o bastante para novos impulsos e movimentos. Eu acredito que 2014 será um grande ano para o Brasil. E acho que você, leitor, tem bons motivos para acreditar nisso.
Apesar do linguajar presidencial cada vez mais sombrio (pessimismo, nervosismo, guerra psicológica etc), 2014 tem todos os ingredientes para ser memorável. Será intenso e dramático, com grandes encontros coletivos e acaloradas decisões. O sentimento pode se manifestar de um jeito ou do avesso. Não dá para prever.
Independentemente do que vier, essa capacidade que as decisões nacionais têm de nos mobilizar (e de nos emocionar) nada tem a ver com essas imagens sinistras de ruptura e de inconciliação. Somos um república jovem, solar e impetuosa. Ninguém vai abrir mão de pensar e de agir por causa dessas assombrações autoritárias.
Um governo velho e retrógrado precisa, necessariamente, encarnar este sentimento de repulsa à mudança. Para quem celebrava a vitória da esperança contra o medo, é no mínimo bizarro observar a reconstrução desse discurso obscurantista. Maior o monstro, melhor se justifica a manutenção das coisas como estão.
Mas dá para esconder a obra grandiosa do atual governo? Na economia, um monte de besteiras. A marca será o menor PIB desde Collor.
As privatizações, quem diria, salvaram o ano -- embora tão malfeitas que o Galeão valeu mais do que o Pré-sal. Nos serviços públicos, avanço zero. A miséria acabou (mas por decreto).
A história é fortuita e aleatória. 2014 pode virar o que ninguém esperava. Ou melhor, tornar-se, enfim, o que todos desejam.
O linguajar soturno do Palácio do Planalto prenuncia o estado de espírito desse governo diante da possibilidade (incontornável) que os brasileiros têm de mudar.
Esta vivacidade democrática do Brasil é forte como uma correnteza. Contra ela não há marqueteiros ou trambiques com números do governo que resistam.
Num estalar de dedos e a maré vira. O que era claro e certo acaba rejeitado e varrido. Apesar do caldeirão borbulhante do governo, 2014 tem tudo para ser um grande ano.
José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB.
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