quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

PT tentará nova composição com Sérgio Cabral nesta quarta-feira

Petistas acatam estratégia de Lula e vão oferecer a Cabral apoio para seu nome no Senado, em troca da desistência de Pezão. PMDB rejeita a ideia, apesar do fraco desempenho do vice-governador nas pesquisas

Thiago Prado

RIO DE JANEIRO - A novela que envolve a agonizante relação entre PT e PMDB no Rio terá mais um capítulo nesta quarta-feira. Em um encontro marcado para as 11 horas com o governador Sérgio Cabral, o presidente do PT fluminense, Washington Quaquá, vai propor uma nova composição para a aliança em 2014, um movimento inédito dos petistas. O novo plano do PT é oferecer a Cabral apoio para disputar o Senado, recebendo em troca o apoio à candidatura de Lindbergh Farias ao governo. Para tanto, seria necessário abortar a candidatura de Pezão pelo PMDB. O site de VEJA apurou o passo a passo da crise que se instalou na aliança liderada pelos dois partidos, pontuada por constantes intervenções do ex-presidente Lula.

“A candidatura dele (Cabral) ao Senado só é viável se ele fizer aliança. Nós topamos ter uma aliança da base do governo Lula com Cabral ao Senado e (Marcelo) Crivella de vice. Essa é a chapa ideal”, diz Quaquá, defendendo abertamente o projeto de Lula para o Estado.

A parte mais difícil do projeto é convencer o PMDB a abrir mão da candidatura ao governo. Cabral e a cúpula do PMDB fluminense não dão qualquer sinal de que podem desistir do projeto encabeçado por Pezão. “Aqui ninguém dita regra. Respeitamos o Lula, mas ele não tem influência no PMDB do Rio", disse Jorge Picciani, presidente da sigla ao site de VEJA. A compensação para o vice-governador seria receber um ministério de grande visibilidade num eventual segundo mandato de Dilma.

A implosão da aliança PT-PMDB no Rio, passo a passo

O cenário eleitoral hoje pode ser mensurado por duas pesquisas do fim de 2013 – uma do Datafolha e outra do Ibope. No Datafolha, Garotinho lidera com 21% das intenções de voto. Lindbergh e Crivella dividem o segundo lugar, com 15% cada um. Cesar Maia ocupa a quarta posição com 11%. Pezão (PMDB) tem 5%, Miro Teixeira (Pros) aparece com 3%, Bernadinho do Vôlei (sondado pelo PSDB) e Milton Temer (PSOL) somam 2% cada um. O levantamento mostra ainda que 18% dos eleitores votariam em branco ou nulo e 8% não sabem quem escolher.

No Ibope, mais nomes foram testados. Crivella aparece com 16%; Garotinho, com 13%; e Lindbergh, com 11%. Jandira Feghali (PC do B) aparece com 6%, Cesar Maia (DEM) tem 5%. Pezão, 4%, mesmo porcentual de Bernardinho. Miro Teixeira, ficou com 2%, e o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PDT), com 1%.

O ex-presidente trata o Rio como peça-chave do tabuleiro eleitoral. Em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin está na dianteira na corrida ao governo; em Minas Gerais, é dado como certo que o ex-governador Aécio Neves, oponente de Dilma, abocanhará boa parcela de votos. Outro eleitorado importante para o PT, o de Pernambuco, deverá pender para as hostes do governador Eduardo Campos. Lula sabe que não pode deixar Cabral à deriva, sob o risco de que a poderosa engrenagem do PMDB fluminense não trabalhe em prol de Dilma. Trata-se da maior e mais ramificada estrutura de poder no Estado, com cerca de 10.000 cabos eleitorais instalados em 24 prefeituras.

Lula tenta evitar o duplo palanque no Rio. Dilma, por sua vez, não vê grande problema caso isso ocorra durante a campanha. A presidente nutre simpatia por Pezão, a quem em público já chamou de “pai do PAC” e, em círculos mais restritos, de “leão da montanha”. Com Lindbergh, o tratamento é bem diferente. Ela se refere ao petista como “moleque” e não o perdoa por ser abertamente entusiasta do “Volta Lula”.

Pezão ainda não convenceu o partido de que pode vencer. A candidatura do PMDB patina hoje nos 5% das intenções de voto, ancorada na péssima popularidade de Cabral. Em 31 de março, quando assumir o Guanabara, Pezão substituirá secretários e tentará passar a imagem de um político simples, avesso a luxos e afeito ao trabalho duro. Por via das dúvidas, os peemedebistas do Rio têm tratado de lembrar aos possíveis desertores de seu alto poder de persuasão entre correligionários de outros estados. Também não param de flertar, discreta mas constantemente, com Aécio, que é amigo pessoal de Cabral.

Fonte: Revista Veja

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