Gleisi Hoffmann disse que havia dúvida em meio a diversos planos que deram errado no começo da década de 1990
Mais cedo, Suplicy rebateu críticas do PSDB
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - Citada nominalmente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu discurso, coube à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, rebater as críticas feitas pelos tucanos e justificar a falta de apoio do PT à implementação do Plano Real.
— Não cabe à situação solicitar à oposição apoio a seus planos, projetos e ações. Até porque naquele momento muitos planos tinham se sucedido no Brasil e a maioria eram planos que afetavam os trabalhadores. Então cabia, sim, o benefício da dúvida e a recusa de apoio por parte da oposição — afirmou Gleisi, na tribuna do Senado.
Em seu discurso, FH afirmou ter chamado Lula e José Dirceu a seu apartamento para pedir apoio ao Plano Real, o que foi negado.
— Essa tentativa de desmerecimento que foi feita nessa tribuna hoje não faz jus à postura que o presidente Lula e o PT tiveram nove anos mais tarde, quando deram apoio prático ao Plano Real.
Esqueceu-se o presidente Fernando Henrique que caberia ao presidente Lula e ao PT resgatar, praticamente salvar, o Plano Real, demonstrando profundo compromisso com o Estado brasileiro, ao reafirmar os pressupostos da estabilidade macroeconômica — discursou a ex-ministra da Casa Civil.
Gleisi também defendeu as concessões feitas pelo governo Dilma Rousseff, como as de rodovias, e ironizou a gestão do tucano:
— O presidente Fernando Henrique disse que demoramos para retomar as concessões. Demoramos porque avaliamos as concessões, queríamos saber o que aconteceu de errado para termos pedágios tão caros em nossas rodovias, ou tivéssemos, sim, a universalização da nossa telefonia, mas com serviços tão deficientes. Estamos fazendo agora com retorno para a sociedade brasileira muito maior do que foi feito (antes).
O ex-presidente Fernando Henrique citou Gleisi ao falar da suposta ineficiência da máquina pública na gestão petista:
— A ministra Gleisi Hoffmann deu uma entrevista, ao deixar o ministério, em que dizia singelamente: “A máquina não responde”. E não responde por quê? Porque os incentivos estão errados e porque houve uma infiltração partidária na máquina pública.
Suplicy defende PT
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o primeiro petista a subir à tribuna para rebater as críticas feitas pelo PSDB, na manhã desta terça-feira, em sessão solene para comemorar os 20 anos do Plano Real e turbinar a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. Suplicy cobrou dos tucanos reconhecimento dos avanços obtidos nos últimos 12 anos.
— Fizeram tantas críticas ao PT que imagino que estavam com visão muito estreita, sem perceber que ao longo dos últimos 12 anos combinou-se crescimento da economia com redução da pobreza. A taxa de desemprego é a mais baixa desde que começou a ser medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); também teve a expansão do microcrédito; o Minha Casa, Minha Vida. Muitas coisas acabaram sendo esquecidas pelos representantes do PSDB. Seria bom que a sua visão fosse estendida também para as boas coisas que aconteceram nos últimos anos — disse Suplicy, em discurso.
Humberto Costa ironiza tucanos
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), acusou o PSDB de apostar no pessimismo para criar um clima de insegurança no país e afirmou que o pré-candidato tucano à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), mostra "total dissintonia" com o povo, o que estaria refletido, segundo ele, nas pesquisas eleitorais. A presidente Dilma Rousseff tem aparecido em primeiro lugar nesses levantamentos, com grande vantagem sobre o tucano.
— O presidente do PSDB, candidato à Presidência da República, disse hoje dessa tribuna que impera junto à população brasileira a desesperança com a economia e com nosso futuro. Não pode haver avaliação mais equivocada do que essa, não pode haver diagnóstico menos sintonizado com a realidade do nosso país e do nosso povo. O senador mostra uma total dissintonia com o que sente o povo. Vir aqui para falar de desesperança é tão somente apostar no pessimismo, é tao somente apostar no quanto pior melhor, é tão somente querer fortalecer a tentativa de reproduzir um clima no nosso país de insegurança ou de insatisfação.
O líder petista ainda ironizou os tucanos, afirmando que não ouviu nenhuma ideia nova durante a sessão solene que comemorou os 20 anos do Plano Real e serviu de evento de pré-campanha para Aécio. Costa reconheceu que a povo quer mudanças, como foi mostrado em pesquisas recentes, mas disse que as novas necessidades da população não serão atendidas por governos que não têm sensibilidade social:
— O que me deixa mais tranquilo é ver que nada de novo foi produzido por essas forças. Aqui de manhã, além de loas tecidas ao Plano Real, nenhuma ideia nova veio para ao menos nos dar a condição de refletir sobre ela.
Em artigo, Lula pinta cenário econômico otimista
No dia em que os tucanos promoveram uma sessão solene, no Senado, para comemorar os 20 anos do Plano Real e promover a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, o ex-presidente Lula publicou, nesta terça-feira, um artigo no jornal Valor Econômico, com uma visão otimista da economia brasileira, encorajando investimentos e rebatendo "versões pessimistas".
"A novidade é que o Brasil deixou de ser um país vulnerável e tornou-se um competidor global. E isso incomoda; contraria interesses. Não é por outra razão que as contas do país e as ações do governo tornaram-se objeto de avaliações cada vez mais rigorosas e, em certos casos, claramente especulativas. Mas um país robusto não se intimida com as críticas; aprende com elas", afirma Lula, no texto.
No início do mês Lula esteve m Nova York e, em reunião com investidores, pintou um quadro otimista em relação ao Brasil. "Voltei convencido de que eles têm uma visão objetiva do país e do nosso potencial, diferente de versões pessimistas. O povo brasileiro está construindo uma nova era – uma era de oportunidades. Quem continuar acreditando e investindo no Brasil vai ganhar ainda mais e vai crescer junto com o nosso país", diz trecho do artigo.
No texto, o petista reconhece que o governo cometeu erros, mas afirma que está trabalhando para corrigi-los: "O governo ouviu, por exemplo, as críticas ao modelo de concessões e o tornou mais equilibrado. Resultado: concedemos 4,2 mil quilômetros de rodovias com deságio muito acima do esperado. Houve sucesso nos leilões de petróleo, de seis aeroportos e de 2.100 quilômetros de linhas de transmissão de energia".
Fonte: O Globo
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