Raquel Ulhôa
BRASÍLIA - A presença da presidente Dilma Rousseff no jantar oferecido na segunda-feira pelo vice-presidente da República, Michel Temer, ao pré-candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, e a mais de 80 prefeitos de municípios paulistas eleitos pelo partido não reduziu o crescente desconforto com a cúpula pemedebista com o PT e o governo.
Nem o aceno dado por Dilma a Temer de que hoje poderão ser retomadas as negociações em torno da reforma ministerial foi suficiente para melhorar a relação. Ministros e líderes do PMDB que participaram do jantar permaneceram fisicamente distantes da presidente no evento e, depois que ela foi embora, o tom das conversas mostrava a insatisfação.
Por exemplo: sob o comando dos líderes Eduardo Cunha (RJ) e Eunício Oliveira (CE), as bancadas do PMDB na Câmara dos Deputados e no Senado, respectivamente, mostram em sua maioria disposição de derrubar o veto de Dilma ao projeto que regulamenta a emancipação de municípios - e contém regras que permitem a criação de cerca de 300 novos entes - na votação prevista para ontem, em sessão do Congresso Nacional.
No jantar do Palácio do Jaburu, Dilma foi simpática, fez um discurso ressaltando a importância da parceria entre os dois partidos e com muitos elogios a Temer, presidente nacional do PMDB licenciado. Circulou entre os prefeitos e posou para fotos com quem quis, inclusive as esposas presentes. Quando foi embora, disse a seu vice que poderia chamá-lo amanhã para retomarem as conversas sobre a participação do PMDB no governo.
Além dos dois líderes, estavam presentes ao jantar oferecido por Temer a Skaf e prefeitos o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e os ministros Moreira Franco (Aviação Civil) e Garibaldi Alves (Previdência). O comportamento deles durante a presença de Dilma no evento de confraternização foi definido como "frio, sem disfarçar o desconforto".
A avaliação da cúpula pemedebista é que, apesar dos discursos e dos afagos, Dilma e PT não tomar atitudes para melhorar a relação com o PMDB. As queixas em relação ao não atendimento das reivindicações do parceiro em relação à participação na reforma ministerial e, principalmente, quanto aos problemas eleitorais nos Estados continuam. Aliás, os problemas têm aumentado. Além da falta de medidas para que o PT apoie candidatos do PMDB em Estados considerados prioritários para o partido de Temer, pemedebista dizem que novos conflitos estão surgindo onde a parceria estava firme.
É o caso de Goiás, por exemplo, Estado no qual o presidente do PT, Rui Falcão, estaria estimulando o partido a lançar candidato próprio ao governo, apesar de haver aliança história entre os dois partidos e o PMDB estar estimulando o nome do empresário Júnior Friboi a se candidatar. Aliás, ele filiou-se ao PMDB com as bençãos do governo e de Temer.
De acordo com a análise do comando pemedebista, os problemas estão aumentando e o cenário no qual o PMDB rejeite a aliança nacional com o PT na convenção nacional do partido é considerado cada vez mais provável.
Fonte: Valor Econômico
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