De caráter mais ideológico do que pragmático, a aliança do Palácio do Planalto com o peronismo e o bolivarianismo cobra o seu preço, num momento em que Estados Unidos, União Europeia e Japão dão sinais de que estão iniciando um novo ciclo de expansão
Agravam-se as crises da Argentina e da Venezuela, os dois parceiros estratégicos do Brasil na América do Sul, que arrastam ladeira abaixo o Mercosul. Enquanto isso, Chile, Peru e mesmo a Colômbia, que está em guerra há décadas contra os guerrilheiros das Farc, nadam de braçada na Aliança do Pacífico, o pacto comercial com o México. O cenário pôs em xeque a política externa brasileira para o continente e deixa o Itamaraty à beira de um ataque de nervos. O ponto alto da nossa diplomacia nas Américas, hoje, é a cooperação com Cuba, que manda milhares de médicos para o Brasil em troca de investimentos em infraestrutura, como a construção do formidável Porto de Muriel, nos arredores de Havana.
Dona de 35% do PIB latino-americano, a Aliança do Pacífico consagra o que seria uma alternativa pró-mercado do continente e desperta interesse dos investidores. Seus países crescem de duas a três vezes mais do que o Brasil. Em contrapartida, o Mercosul vive o seu pior momento, sem consenso para fechar um acordo comercial com a União Europeia ou mesmo facilitar a vida do comércio entre os seus países membros. De caráter mais ideológico do que pragmático, a aliança do Palácio do Planalto com o peronismo e o bolivarianismo cobra o seu preço, num momento em que Estados Unidos, União Europeia e Japão dão sinais de que estão iniciando um novo ciclo de expansão.
Enquanto a Aliança do Pacífico acaba de firmar acordo que elimina as tarifas de 90% dos produtos comercializados entre os países do grupo, o Itamaraty não consegue sequer chegar a um acordo com a Argentina, que cria cada vez mais dificuldades para empresas e produtos brasileiros. A estratégia do Brasil foi mais ou menos como a deriva do comandante Garcez, aquele piloto que se perdeu e aterrissou no meio da Floresta Amazônica: quanto mais demorar para perceber que tomou o rumo errado, mais distante ficará do seu objetivo e sem combustível para a volta.
O pior, porém, está por vir. A presidente Cristina Kirchner, da Argentina, enfrenta um quadro de deterioração crescente da economia e não tem condições de sair do labirinto político em que se meteu. Na Venezuela, a crise política ameaça levar de roldão o presidente Nicolás Maduro, em meio ao colapso do seu modelo econômico. A tendência do governo brasileiro é corroborar a velha retórica nacionalista de seus parceiros políticos, embora isso nada acrescente no sentido de propor saídas aos problemas reais que eles enfrentam. Na verdade, a presidente Dilma Rousseff não tem protagonismo político na região para construir soluções positivas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva até tinha, mas foi — e continua sendo — o principal artífice dessa enrascada em que a política externa brasileira se encontra.
Patinação na Esplanada
A presidente Dilma Rousseff anda patinando desde o início da reforma ministerial, num momento em que deveria pisar no acelerador. Resultado: recebeu aprovação de 36,4% dos entrevistados na pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O índice é menor do que o registrado em novembro de 2013, quando teve avaliação positiva de 39% da população. O desempenho pessoal da presidenta é aprovado por 55% dos entrevistados. O índice de desaprovação, porém, já chega a 41%.
Honorários de sucumbência
O presidente da OAB nacional, Marcus Vinícius Furtado Coelho, comemorou a aprovação pela Câmara dos Deputados da inclusão da destinação dos honorários de sucumbência aos advogados públicos no Novo Código de Processo Civil. A emenda, incluída no texto aprovado pelo relator, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), foi aprovada por 206 votos a 159. Espera-se que a medida reduza os índices de causas perdidas pelo governo na Justiça.
Fonte: Correio Braziliense
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