Diego Abreu, Adriana Caitano
Em mais uma investida contra as doações recebidas pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para o pagamento de multa fixada pela Justiça, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), protocolou ontem uma representação na Procuradoria da República no DF na qual pede o bloqueio do dinheiro arrecadado na “vaquinha” petista. Condenado no julgamento do mensalão, Dirceu está preso no Complexo da Papuda desde 16 de novembro.
Amigos do ex-ministro, parentes e militantes do PT criaram na última quarta-feira o site batizado de “Apoio a Zé Dirceu” para arrecadar R$ 971.128, valor da multa que o condenado terá de pagar. Até ontem, 2.082 pessoas já haviam feito doações e o valor angariado somava R$ 643.673 — média de R$ 309,16 por doador. A expectativa, segundo os organizadores do site, é de que a quantia total seja levantada até o fim da semana.
Na petição apresentada ao Ministério Público Federal, Rubens Bueno pede que todo o patrimônio de Dirceu seja declarado indisponível, inclusive o dinheiro recebido das doações, “para que se garanta, pelo menos em parte, o ressarcimento dos cerca de R$ 100 milhões de recursos públicos desviados do esquema do mensalão”.
As doações recebidas por petistas para o pagamento das multas já motivaram pelo menos mais três pedidos de investigação ao MPF. As “vaquinhas” foram criticadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que levantou a suspeita de lavagem de dinheiro no processo de arrecadação dos recursos. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-deputado José Genoino e José Dirceu já arrecadaram, juntos, mais de R$ 2 milhões.
O coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, rebateu as críticas de Bueno. “É uma ação que não tem pé nem cabeça. Do ponto de vista técnico, é uma peça muito mal feita. Parece ser mais uma ação para tentar intimidar a militância, não faz sentido”, disse. Em nota, a assessoria de Dirceu acusa o PPS de criar um “factoide com objetivos políticos” para “vetar a ampla solidariedade manifestada por milhares de brasileiros aos réus do PT da Ação Penal 470”.
Nos próximos dias, o STF deve se pronunciar sobre os pedidos de prisão domiciliar do ex-deputado Roberto Jefferson, que aguarda a decisão em liberdade, e de renovação da prisão domiciliar de José Genoino, que, em outra frente, tenta obter o direito à aposentadoria por invalidez na Câmara, o que permitiria receber salário integral. Ontem, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que o laudo da junta médica que examinará o ex-parlamentar será “extremamente técnico” e sairá só na semana que vem. “Volto a dizer que não vou admitir nenhum favorecimento”, assegurou Alves.
Na Itália, a Justiça daquele país decidiu manter Henrique Pizzolato na prisão até que o pedido de extradição do governo brasileiro seja apresentado.
Fonte: Correio Braziliense
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