Não é apenas a possibilidade de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa entre na política para disputar possivelmente uma vaga no Senado que promete mexer com a eleição no Rio de Janeiro. Há uma negociação em curso entre o PSDB e o PMDB para que os tucanos deem o vice na chapa do candidato do PMDB Luiz Fernando Pezão, o que formaria um palanque forte, embora alquebrado pelas acusações contra o governador Sérgio Cabral, para o candidato à presidência da República do PSDB Aécio Neves.
Se as tratativas entre o PSB e Barbosa derem certo, ele comporia a coligação que deve lançar ao governo do estado o deputado federal Miro Teixeira, filiado ao PROS, mas ligado à formação da Rede Sustentabilidade de Marina Silva. Essas novas combinações políticas poderiam alterar a atual correlação de forças eleitorais no Estado, onde no momento as opções à frente nas pesquisas são Garotinho, Crivela e Lindbergh Farias.
Alterariam também o quadro para a presidência da República, com os dois principais candidatos da oposição tendo apoios de peso em um estado que deu à presidente Dilma uma diferença de 1,7 milhão de votos no primeiro turno de 2010. Tanto o PROS quanto o PMDB devem apoiar, a nível nacional a presidente Dilma Roussef, mas as dissidências estaduais estão cada vez mais fortes este ano.
O PMDB deve ter dissidências em vários Estados importantes como a Bahia, por exemplo, e outros partidos da base aliada podem ter movimentos dissonantes em relação à candidatura à presidência da República. No momento o PSDB trabalha para que PP e PMDB, partidos da base aliada, fiquem neutros na disputa presidencial, o quer retiraria minutos preciosos da propaganda oficial da coligação do PT.
São possibilidades remotas, especialmente no caso do PMDB que tem a vice-presidência na chapa de Dilma, mas que estão na mesa de negociações. O PDT, por exemplo, já ofereceu vaga a Joaquim Barbosa para disputar a presidência da República. O PP tem questões regionais a resolver, como o apoio à candidatura de Aécio Neves à presidência em alguns estados, mas mesmo que o apoio à reeleição de Dilma Rousseff seja mantido, há situações regionais que levarão à dissidência.
É o caso, por exemplo, da senadora Ana Amélia, favorita na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, que está em negociações com o PSB e o PSDB. As declarações do deputado Luiz Carlos Heinze, do PP gaúcho, da bancada ruralista, contra minorias como gays e índios, provocou mal-estar na Rede de Marina Silva, o que fez com que as negociações com o PSB de Eduardo Campos retrocedessem.
Ana Amélia não se fez de rogada e anunciou que o problema era do PSB, pois ela tem alternativas: o próprio PT da presidente Dilma ou, mais provavelmente, o PSDB de Aécio Neves. Um grupo de senadores está se preparando para fazer uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre esses apoios de dissidentes.
Está na Constituição, no Artigo 17 parágrafo primeiro, a garantia de que os partidos têm autonomia para definir “(...) o critério de escolha e o regime de coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre a candidatura nacional a estadual, municipal ou distrital”. Mas existem algumas dúvidas sobre a campanha dessas dissidências.
Pode, por exemplo, um (a) candidato (a) a governador pedir votos na propaganda eleitoral da televisão de seus estados para um candidato a Presidente da República que não seja o escolhido por sua legenda? As propagandas sobre esses apoios heterodoxos feitas em cartazes ou folhetos podem ser pagas com o dinheiro do diretório regional do partido?
O simples fato de que haverá essa consulta mostra como os bastidores da política estão agitados nesses meses que antecedem a escolha oficial das candidaturas.
Fonte: O Globo
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