A relação da presidente Dilma com a Petrobras, centro da mais nova crise que atingiu o governo, tem duas faces. Uma de causar espanto: a intervencionista, responsável por segurar o preço dos combustíveis, reduzir sua geração de caixa, elevar seu endividamento e derrubar o valor da empresa.
A outra tem feições dignas de elogios. A que reduziu a influência política na estatal, afastou diretores apadrinhados pelo PT e PMDB e nomeou uma técnica para seu comando que refez contratos, cortou gastos e fechou portas suspeitas.
Enquanto ministra da Casa Civil e presidente do conselho de administração da petroleira, Dilma sempre se incomodou com o excesso de autonomia de seus diretores apadrinhados por políticos aliados.
Não é possível dizer que esta tenha sido a causa, mas a encrencada compra da refinaria de Pasadena foi encabeçada por um desses diretores que não contavam com a simpatia dilmista: Nestor Cerveró.
Dependesse dela, fiel a seu estilo de não nutrir muita afeição pelo mundo da política, a diretoria da Petrobras seria mais técnica já no governo Lula. Só que, ali, não era ela quem mandava no pedaço.
Quando virou a dona do Planalto, esperou um ano para reformular a estatal, o que fez no início de seu segundo ano de mandato. Gerou forte descontentamento entre aliados políticos, principalmente petistas, que perderam poder na estatal.
Este é, por sinal, um dos reais motivos do coro "volta, Lula", que os amigos e correligionários do ex-presidente sempre ensaiam quando Dilma faz suas trapalhadas, como a crise com o PMDB e, agora, a confusão em torno de Pasadena.
Essa turma costuma dizer que está fechada com o mundo empresarial nas queixas ao intervencionismo da presidente na economia e que Lula seria melhor candidato.
Pode ser. Mas o verdadeiro motivo é que, na era Lula, a vida era muito mais fácil na partilha do poder.
Fonte: Folha de S. Paulo
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