- Correio Braziliense
PMDB inaugura o calendário de convenções partidárias na terça-feira, com o posicionamento da sigla sobre o apoio a Dilma Rousseff. Se, no plano nacional, as principais legendas já têm os candidatos encaminhados, nos palanques regionais sobram pendências
Enquanto os olhos do Brasil e do mundo estiverem voltados para a Copa do Mundo, os partidos políticos farão suas convenções partidárias para sacramentar os candidatos ao Palácio do Planalto, aos respectivos governos estaduais e as alianças que serão formadas para pavimentar o caminho em outubro. A maratona das legendas vai durar entre 10 e 30 de junho, embora a data para o requerimento de registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vá até 5 de julho.
A corrida começa logo com o PMDB, partido que comanda a Câmara e o Senado, tem o maior número de senadores, deputados estaduais, prefeitos e deve confirmar a candidatura à Vice-Presidência de Michel Temer na chapa com a petista Dilma Rousseff (Leia na página 3). O encontro ocorre em Brasília e, apesar da resistência de diversos diretórios, como o de Goiás, do Ceará, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e da Bahia, não deverá trazer novidades no resultado final.
A festa do PT está marcada para 21 de junho, também em Brasília. O PT tentará enterrar de vez o fantasma do "Volta, Lula" na convenção. Fontes ouvidas pelo Correio garantem que não há mais tempo hábil para a substituição e que, se ela acontecesse, Lula queimaria todo o seu capital político em uma disputa incerta. Além disso, a presidente conseguiu amarrar seu antecessor, ao obrigá-lo a anunciar o apoio por diversas vezes e deixar vazar que ele teria papel de destaque durante a campanha.
Repetindo a tática de 2010, mais uma vez o PT restringiu a aliança com os partidos que serão adversários na corrida pelo Planalto em outubro: PSB e a trinca PSDB, DEM e PPS. Em 2010, os socialistas estavam na chapa, curiosamente por uma imposição do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ciro Gomes (hoje no PROS) queria ser candidato após o fim da era Lula, mas a maioria do PSB, conduzido por Campos, decidiu pela manutenção da aliança com os petistas.
Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fará sua convenção em 14 de junho, em São Paulo, mas já adiantou que deverá deixar para a última hora a escolha do vice. Isso deve ficar para o fim do mês, após o término de todas convenções de possíveis legendas aliadas.
Do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) ao presidente da Força Sindical, Miguel Torres (SDD), muitas são as ofertas para a vice de Aécio na corrida ao Palácio do Planalto. As articulações incluem uma chapa puro-sangue com o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), a deputada Mara Gabrilli (SP) ou a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, vem refutando o alinhamento com os tucanos no plano nacional, mas, em São Paulo, concorre com Márcio França (PSB) para vice de Alckmin. Neves, presidente do PSDB, ressaltou, na semana passada, que não tem pressa nem obrigação de escolher até a convenção, marcada para o próximo sábado.
Outro cotado para vice de Aécio Neves, o DEM tem na aliança nacional com os tucanos uma certeza. No quintal do presidente da sigla, no entanto, ainda bate cabeça. Com um alto índice de rejeição, a governadora Rosalba Ciarlini (RN) insiste na reeleição. O presidente dos demistas, senador José Agripino Maia (RN), prefere apoiar Henrique Eduardo Alves(PMDB), presidente da Câmara dos Deputados — que consolida uma coligação que só deixa de fora o PT. Além do impasse no Rio Grande no Norte, a indefinição no Rio de Janeiro e em Goiás fez com que ainda a convenção do DEM não tenha data para acontecer.
O PSB de Eduardo Campos está com a convenção pré-marcada para 28 de junho, mas alguns integrantes do partido defendem uma outra data, para evitar a coincidência com uma possível partida do Brasil, em Belo Horizonte, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. O incômodo apoio dos pessebistas de São Paulo à reeleição do tucano Geraldo Alckmin ao governo estadual, anunciado na semana passada, não deve ser revertido, uma vez que a sigla deve liberar os diretórios regionais para se coligarem livremente. Embora o anúncio tenha frustrado sonháticos da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva (Leia na página 4), ele não deve impedir a confirmação da ex-ministra do Meio Ambiente como vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos.
Coligações liberadas
O PP deve reiterar no dia 25 o apoio nacional à reeleição da presidente Dilma. No Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, no entanto, que concentram grande parte dos parlamentares federais da sigla, Aécio deverá ser o candidato a subir nos palanques. Lideranças de peso dos três estados defendem inclusive a neutralidade no plano nacional — para não ceder o tempo de tevê para o PT. Diante do impasse, a convenção deve formalizar a postura pró-Dilma, mas liberar as alianças regionais.
Os nanicos de esquerda, novamente, não conseguiram se entender. Depois de meses de insistência, o PSol desistiu de reeditar nacionalmente a aliança com PSTU e PCB que rendeu 6 milhões de votos para Heloísa Helena (AL), em 2006. O senador Randolfe Rodrigues (AP) deverá ser referendado como candidato ao Planalto no dia 21. A desistência, no entanto, não impede frentes de esquerda regionais. Em alguns estados, como São Paulo, já é dada como certa a aliança com os radicais PSTU e PCB. Já para a Presidência da República, os dois partidos lançarão, respectivamente, o sindicalista Zé Maria (SP) e o intelectual Mauro Iasi (RJ).
Alinhamento político
O DEM, antigo PFL, é um tradicional aliado dos tucanos. Nas últimas cinco eleições presidenciais, o partido indicou o vice para o PSDB em quatro delas. Nas campanhas vitoriosas de 1994 e 1998, Marco Maciel era o vice de Fernando Henrique Cardoso. Em 2006 e 2010, respectivamente, José Jorge concorreu como vice de Geraldo Alckmin e Índio da Costa como segundo na chapa de José Serra. A única vez em que os pefelistas não fizeram parte desse grupo foi em 2002, quando Serra escolheu Rita Camata, então no PMDB. Naquele ano, Roseana Sarney foi candidata a presidente pelo PFL, mas desistiu após o caso Lunus.
5 de julho
Prazo para o registro das candidaturas no TSE
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