• Candidaturas de Cabral, Romário e Jandira não estão consolidadas
Cássio Bruno e Alexandre Rodrigues – O Globo
RIO - Enquanto a disputa pelo governo estadual se acirra, a corrida para a única vaga ao Senado ainda está indefinida no Rio. Até agora, três pré-candidatos já se apresentaram: o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e os deputados federais Romário (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB). No entanto, a confirmação desses nomes ainda depende das negociações para as alianças dos candidatos que vão concorrer ao Palácio Guanabara.
Apesar de ter desistido para dar lugar ao PSD na campanha de reeleição do atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), Cabral voltou atrás. Com a decisão, o ex-governador vai para a sua eleição mais arriscada — a primeira em que não inicia como favorito. Na avaliação do PMDB, a popularidade de Romário pode pôr em risco os planos de Cabral, que tem o desafio de reabilitar sua imagem desgastada após as manifestações do ano passado.
Por outro lado, peemedebistas apostam que a falta de experiência em uma eleição majoritária e de estrutura do PSB pode fragilizar Romário. Cabral, por sua vez, foi convencido pelos caciques do PMDB do Rio de que, na falta de um nome mais competitivo, sua candidatura ao Senado pode ajudar Pezão a defender seu governo.
— O PMDB tem um governo a defender, não pode se acovardar na hora de fazer o debate. As melhores pessoas para fazer isso são Pezão e Cabral. O ex-governador é um grande ator político, precisa estar no jogo — disse o deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ).
Cabral sabe que pode perder o Senado, mas sua prioridade é eleger o sucessor para manter a máquina estadual e reabilitar seu governo. Por isso, ele será o coordenador da campanha de Pezão. Manterá no discurso o apoio à aliança nacional com o PT da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, mas fechará os olhos para a dissidência “Aezão”, liderada pelo presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, em favor do presidenciável Aécio Neves (PSDB).
Cabral não tem motivos para impedir que os correligionários façam campanha para Aécio, seu amigo pessoal, se o ex-presidente Lula apoia a campanha de Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanabara, que atrapalha Pezão.
— Quando o PMDB do Rio foi se queixar à Dilma sobre Lindbergh, ela respondeu que era coisa do Lula. Agora, quando reclamam do Aezão, Cabral diz que é coisa do Picciani — confidenciou um dos dissidentes.
No PSB, a novela em relação a Romário não terminou. O ex-craque aguarda uma decisão do presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, outro pré-candidato à Presidência. Campos já declarou apoio ao deputado Miro Teixeira (PROS) para o governo do Rio, com o baixinho na chapa. Mas o martelo não foi batido. Romário terá pouco tempo de propaganda na TV, mas já fala como pré-candidato ao Senado:
— Sei que será uma disputa difícil. Financeiramente, desleal — diz o tetracampeão, que gosta de polêmica. — É claro que eles (Cabral e o PMDB) são mais experientes. Mas na parte negativa. Eles roubaram o estado.
Procurado pelo GLOBO, Cabral não quis comentar.
Na chapa de Lindbergh, a indicação ao Senado até o momento é a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB). A parlamentar, no entanto, só decidirá se aceita a missão na próxima semana, na reunião do diretório estadual da sigla. Com dois concorrentes fortes (Cabral e Romário), Jandira poderia ficar sem um mandato, como ocorreu em 2006, quando perdeu a vaga para Francisco Dornelles (PP). Ela minimiza:
— A concorrência não assusta. As pesquisas são boas. A pré-candidatura do Cabral é que ainda é duvidosa.
Já o senador Marcelo Crivella (PRB) e o deputado federal Anthony Garotinho (PR), ambos pré-candidatos ao governo do Rio, ainda não sabem como vão formar a chapa para o Senado. Até agora, sem aliados, Crivella sonha em ter Romário, mesmo sabendo que as chances são remotas. Com a adesão apenas do PTdoB, Garotinho tem usado a vaga no Senado como moeda de troca para atrair mais partidos para a aliança. Ele flerta com o PSB, que o rejeitou.
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