• Tucano se reuniu com representantes de igrejas; partido do socialista irá manter núcleos de militantes religiosos nos estados
Cristiane Jungblut / Junia Gama – O Globo
BRASÍLIA — No PSDB, o discurso do comando da campanha é que não há uma preocupação específica com os evangélicos, mas, na prática, o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves (MG), já iniciou uma aproximação com alguns setores. No início de julho (dia 7), ele se reuniu com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. O encontro reuniu outros religiosos da Assembleia de Deus e causou polêmica entre os fiéis.
Em 2010, o pastor já havia ficado ao lado de José Serra (PSDB), apesar da então candidata à Presidência pelo PV — e hoje vice na chapa de Eduardo Campos (PSB) — Marina Silva pertencer à Igreja. O encontro foi no bairro de Belém e se tornou público depois que o pastor publicou uma foto numa rede social.
O coordenador da campanha de Aécio, senador José Agripino Maia (DEM-RN), disse que não há uma menção específica aos evangélicos em programas ou discussões temáticas.
— Não vi ainda nenhuma menção específica aos evangélicos. Há uma semana, o candidato Aécio teve um encontro com os evangélicos, mas não existe um planejamento para as Igrejas Evangélicas — disse Agripino.
O novo coordenador do programa de governo, o ex-deputado Arnaldo Madeira, vai na mesma linha.
— Defendemos a liberdade religiosa — disse Madeira.
Nos bastidores, as interlocuções são feitas pelo vice na chapa, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que estava no encontro em São Paulo, e pelo deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) ligado ao senador. Há um cuidado no partido para não repetir as polêmicas de 2010. O deputado João Campos (PSDB-GO), por exemplo, é da ala mais conservadora dos evangélicos.
O deputado Vaz de Lima, que da Igreja Presbiteriana, disse que não age em nome da campanha de Aécio, apenas recebeu pedido de ajuda da campanha do governador paulista Geraldo Alckmin.
— Nunca fui procurado pela campanha do Aécio, mas pela do Geraldo sim. Claro que atuo pelos dois, como militante — disse Vaz de Lima.
No PSB, a candidata a vice-presidente, Marina Silva, é evangélica, mas segundo a coordenação da campanha de Eduardo Campos, ela não deverá ter uma atuação específica junto a esse eleitorado.
— A Marina não mistura religião com política — disse Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB.
Na campanha socialista, a articulação com setores religiosos e culturais ficou a cargo de uma comissão de articulação e mobilização, tocada por um representante da Rede, Pedro Ivo, e um do PSB, Milton Coelho. Não há, segundo Siqueira, um grupo específico para se relacionar com os evangélicos. O trabalho da comissão é no sentido de manter um diálogo com todas as religiões.
O que o PSB faz de mais concreto em relação ao segmento é manter núcleos de militantes evangélicos em diversos locais do Brasil para discutir as demandas do grupo. Há diálogo com grandes instituições, como a Assembleia de Deus e, no próximo domingo, Eduardo Campos terá uma reunião em São Paulo com pastores da igreja Brasil para Cristo.
Apesar de Campos já ter se declarado contra o aborto, Siqueira afirma que as discussões ficarão centradas em valores políticos, "não pessoais".
— O partido político e o Estado são laicos. A população evangélica tem muito a contribuir com os temas de interesse da população, mas respeitamos todas as posições e não vamos entrar nas convicções pessoais, nem nos valores religiosos. Cabe a cada um agir de acordo com suas convicções. Nós vamos tratar de políticas públicas — pontua Siqueira.
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