“Em nível nacional, praticamente em toda parte, os Executivos domesticam ou manipulam os Legislativos com grande desembarço; partidos perdem membros, eleitores perdem a crença na própria relevância, enquanto as opções políticas se estreitam e as diferenças propagandeadas nas campanhas eleitorais diminuem ou desaparecem quando os eleitos assumem o poder.
Com essa involução generalizada veio uma corrupção que se difundiu pela classe política, tópico a respeito do qual a ciência política – muito loquaz naquilo que, na linguagem dos contadores, é chamado de déficit democrático – silencia.As formas dessa corrupção ainda não foram plenamente sistematizadas. Existe a corrupção pré-eleitoral: o financiamento de pessoas e partidos por fontes ilegais – em troca da promessa, explicita ou tácita, de favores futuros. Existe a corrupção pós-eleitoral: o uso do cargo para obter dinheiro pela malversação de receitas, ou por propinas em contratos. Existe a compra de vozes ou votos nos parlamentos. Existe o roubo direto do erário. Existe o enriquecimento resultante do exercício de cargo público, antes, durante ou depois.”
Perry Anderson (Londres, 1938) é um historiador marxista, professor de História e Sociologia na UCLA e editor da New Left Review. Berlusconização da Política. Revista Piauí, pp. 46-55, agosto de 2014
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