sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Graça Foster fica no meio do tiroteio

• Integrantes da CPI Mista da Petrobras vão tentar convocar novamente a presidente da estatal, que corre o risco de ter os bens bloqueados pelo TCU. Governistas prometem impedir a manobra

Étore Medeiros – Correio Braziliense

A oposição quer evitar que o recesso branco no Congresso, esvaziado pelo período de campanhas, prejudique o andamento dos trabalhos das CPI Mista da Petrobras. A ideia é convocar novamente a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, e aumentar a pressão sobre a dirigente, que pode ter os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao ser incluída no grupo de responsáveis pela desastrosa compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006.

Na quinta-feira, mesmo após chegar a ler o voto em que se coloca favorável ao bloqueio do patrimônio de Graça Foster, o ministro relator do caso na Corte de contas, José Jorge, tirou o processo da pauta de julgamentos para analisar as considerações feitas pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Na defesa, Adams argumentou que a pena imposta à presidente da estatal seria "gravíssima" e poderia comprometer a imagem da própria Petrobras.

O suposto repasse de "gabaritos" para depoentes da CPI da Petrobras no Senado suscitou uma avalanche de requerimentos da oposição na comissão mista que investiga a estatal, para que sejam convocados, além de Foster, outros dirigentes da empresa, servidores da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), ligada à Presidência da República, assessores parlamentares e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Para aprovar os pedidos de convocação, os opositores pedem uma sessão extra do colegiado, já na próxima quarta-feira — quando será ouvido o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A base aliada recusa a nova reunião deliberativa, alegando que é preciso esperar pelas investigações já em curso da Polícia Federal e da comissão de sindicância instalada no Senado.

"Há uma forte tendência de serem aprovados (novos requerimentos de convocação), o problema é que não temos sessão deliberativa", explica o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR). Autor de cerca de um terço dos requerimentos protocolados na CPMI, o parlamentar confia no pedido de sessão extra feito para o presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). "Ele tem sido, no limite das suas forças, muito correto, ajudando a CPMI a avançar". Esperançoso, Bueno acredita que mesmo as campanhas não impedirão a formação de quórum para votação dos novos pedidos. "Tendo convocação, não vejo por que não termos quórum. Os parlamentares podem vir de manhã e voltar à noite. Parlamentar que não quer trabalhar tem que pedir licença", ironiza.

Requerimentos
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), assegura que não há acordo para o agendamento de uma sessão deliberativa na próxima semana, especialmente se o objetivo for convocar os envolvidos no caso dos gabaritos. "Se for convocada", promete, "estaremos presentes para não aprovar. Já aprovamos mais de 200 requerimentos que precisam ser levados em consideração", argumenta.

Costa diz que as reuniões entre integrantes da SRI, assessores parlamentares e depoentes da CPMI são naturais e não caracterizariam crime algum. "É preciso aguardar os resultados da investigação da Polícia Federal e a sindicância Senado", defende. "A oposição quer palanque demais, mas nós não vamos dar", acrescentou o senador.

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