A sociedade desperta aos poucos para a sucessão presidencial. A mudança é uma ansiedade diante de um sistema político arcaico. Muitos analistas estimam que a polarização interior do campo socialdemocrata, entre o PT e PSDB, será suplantada entre “velha política” e a “nova política”. Ainda mais após a divulgação da recente pesquisa DATAFOLHA (29/08) em que Marina Silva empata em primeiro lugar com a candidata do PT. A ascensão da candidatura da Rede de Sustentabilidade (REDE) abrigada no Partido Socialista Brasileiro (PSB) já indicaria um contraditório entre vertentes da esquerda (moderna X pós-moderna). Entretanto, a realidade política exige mais que as ideologias diante da complexidade da crise econômica o qual estamos inseridos.
O que é a “Nova Política”? Essa é a pergunta que “marineiros” estão a responder diante do silêncio dos democratas da esquerda em relação as reformas políticas. A pergunta levaria a outra questão: qual mudança que se insere na “Nova Política”? Se os ventos de junho de 2013 estão nas bases da densidade eleitoral de Marina Silva, verificamos que as “bandeiras” não se enraízam na sociedade real, pois ainda não constatamos os articuladores dos programas. A mudança para conservar o “tripé” da estabilidade econômica precisa deixar claras as bases desse roteiro. Os indicadores eleitorais sinalizam para uma excessiva pulverização de partidos políticos no Congresso Nacional, o que já é um sinal de alerta para os defensores de uma Reforma da Política.
Setores da sociedade civil organizada estão recolhendo assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular defendendo uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para reformas políticas. A “nova política” vai desempenhar que papel diante dessa proposta? O silêncio é um problema na articulação que impede até o fortalecimento das forças políticas à esquerda em suas diversas vertentes. Como governarão sem os políticos tradicionais? Criaremos Conselhos Populares? Assembleias de Base? Comitês? Frentes Populares de Redes Sociais? Um mosaico de ideias diante de problemas mais concretos a se enfrentar.
O eixo “moderno” da esquerda (PSB e PPS) está a reboque de um menchevismo do século XXI, ou seja, o economicismo impede que esses atores políticos partam para a ação política em plena campanha eleitoral de suas principais lideranças políticas.
Ainda falta virtu nessa campanha eleitoral para a sucessão presidencial que indique um caminho para além da indignação. Os populistas russos fizeram escola e hoje testemunhamos os “narodiniks pós-modernos” sensibilizarem a sociedade brasileira. Gilberto Freyre foi quem melhor interpretou essa possibilidade ao sugerir que seríamos uma Rússia americana. Contudo, precisamos de uma revolução contra O Capital que indica perceber que o que faz a mudança é a política de alianças programáticas.
Mestre em Sociologia pelo CPDA-UFRRJ.
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