• Em entrevista a blogueiros, candidata à reeleição defendeu a regulação econômica dos meios de comunicação
Luiza Damé – O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, passou mais de duas horas, nesta sexta-feira, com oito blogueiros simpáticos ao governo do PT e criticou duramente a imprensa. Além de dizer que setores da mídia fazem oposição ao Palácio do Planalto, Dilma afirmou que o noticiário distorceu seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Na abertura da entrevista, transmitida ao vivo pelas canais de comunicação da campanha, a presidente defendeu a regulação econômica dos meios de comunicação.
Provocada pelos blogueiros, Dilma afirmou ainda que mudará de postura num eventual segundo mandato e passará a se contrapor ao noticiário:
- É uma situação no Brasil... Por isso, eu cheguei a conclusão, na minha campanha, que a verdade vai vencer a mentira. Eu tenho tentado. Agradeço àqueles que me ajudam. Acredito que terá de haver um embate mais sistemático - afirmou Dilma, quando foi interrompida por um dos entrevistadores, cobrando mais respostas do governo.
E concluiu:
- Vou ter de dar mais respostas. Não pode ser tão bem comportada, me levaram para outro caminho que eu não queria.
Para Dilma, o palanque eleitoral permite um diálogo direto com a população. Segundo ela, o cargo de presidente não abre esse canal com a sociedade.
- Tem um detalhe interessante nessa história de eleição. Na eleição, você tem um palanque direto, que é seu, não é filtrado. Veja, eu fiz um discurso na ONU. O meu discurso na ONU foi integralmente, mas integralmente, distorcido. Eu, com o cargo de presidente, o meu palanque não faz. Isso é uma realidade - afirmou.
Dilma disse que setores da oposição fazem oposição ao governo e pregam "o quanto pior melhor". Mas, para a presidente, não é só no Brasil que a imprensa assume o papel de oposição ao governo.
- O que temos de ver é que tem no Brasil uma forma de fazer oposição que é uma forma que tem de ser denunciada: que é a forma do quanto pior melhor. Tem uma parte da imprensa que é oposição.
O que não posso deixar de reconhecer é que a oposição também faz - disse.
A presidente defendeu ainda regulação econômica dos meios de comunicação, mas disse que isso não significa controle de conteúdo. Segundo Dilma, a Constituição proíbe a concentração da propriedade dos veículos de imprensa.
- Regular qualquer segmento tem uma base, que é a base econômica. Concentração de poder econômico dificilmente leva a relações democráticas e leva a relações assimétricas, tanto assimétricas de poder, assimétricas de formação e assimétricas de prepotência, em qualquer área. Não há porque a comunicação ser diferente - afirmou.
Segundo ela, a liberdade de expressão é uma conquista da sociedade brasileira, e a internet ampliou esse direito.
- No Brasil muitas vezes tenta se confundir regulação econômica com controle do conteúdo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Controle de conteúdo é de país ditatorial, não é de país democrático - argumentou.
A presidente disse que a regulação dos meios de comunicação será colocada em pauta em um eventual segundo mandato. E essa proposta, segundo Dilma, "nada tem de bolivariano nisso". A presidente defendeu a regionalização da produção e do conteúdo e a diversidade cultural.
- Mas eu acredito que esses é um dos temas do meu segundo mandato - disse.
Na entrevista, a presidente ainda tratou de saúde, de educação e do projeto do trem de alta velocidade, além de defender a Petrobras. Para Dilma, há pessoas "mal intencionadas" que querem atingir a Petrobras, para enfraquecer e atender interesses privados internacionais.
- Há coisas irreversíveis. Ninguém desmonta uma empresa que é a sexta do mundo - afirmou.
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