Jornal Clarín
Doze anos de governos lulopetistas em nível federal foram suficientes para que oito em cada dez brasileiros hoje defendam mudanças profundas nas ações do próximo presidente da República, conforme atestam os levantamentos dos principais institutos de pesquisa. A insatisfação generalizada com os rumos do país é agravada por uma situação econômica preocupante, marcada por uma perigosa combinação entre o crescimento pífio da economia e a escalada da inflação.
Já são dois trimestres consecutivos em que o Brasil real, muito diferente daquele vendido pela máquina de propaganda do PT, apresenta recuo do PIB, o que caracteriza recessão técnica. Para piorar, as últimas previsões do mercado apontam uma expansão econômica de apenas 0,3% para este ano, com inflação de 6,3%, quase estourando o teto da meta. Com Dilma Rousseff, a taxa de crescimento da economia é uma das piores da história republicana.
Como se não bastasse a estagnação econômica, fazem parte do legado funesto do PT a absoluta degradação das instituições republicanas, o aparelhamento que corrói o Estado, a deslavada corrupção capaz de comprar parte do Congresso Nacional e dilapidar uma empresa como a Petrobras e o desrespeito em relação ao Poder Judiciário. Diante desse cenário, é fundamental para a democracia brasileira experimentar a alternância de poder nas eleições de outubro, com a vitória das oposições e a derrota de um modelo que já se esgotou.
Desde o início do processo eleitoral, o PPS se alinhou ao PSB e apoiou a candidatura de Eduardo Campos, em um reencontro histórico entre os socialistas e os herdeiros do velho PCB. Os dois grupos estiveram na raiz da “Frente do Recife”, movimento político formado a partir da década de 1950 por comunistas, socialistas e democratas em geral, cuja hegemonia política culminou na eleição de Miguel Arraes para o governo de Pernambuco, em 1962. A partir do golpe de 1964, ambos se integraram às trincheiras do MDB, em oposição à ditadura. A parceria se repetiu em momentos fundamentais da história brasileira, como a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, a Constituinte, o impeachment de Fernando Collor e o governo de Itamar Franco.
Infelizmente, a trágica morte de Eduardo Campos (no dia 13 de agosto passado) tirou de cena um dos mais promissores líderes políticos de nosso tempo. A fatalidade alterou o quadro eleitoral e colocou na disputa a então candidata a vice na chapa do ex-governador, Marina Silva, a quem apoiamos desde o primeiro momento. Porque votar em Marina é dar continuidade ao projeto de desenvolvimento proposto por Eduardo, em sintonia com o sentimento de mudança que tomou as ruas das principais cidades brasileiras nas jornadas de junho de 2013.
Votar em Marina é rechaçar a baixaria e o jogo sujo que vêm marcando a campanha do PT, com mentiras e terrorismo eleitoral. Votar em Marina é responder com paz e esperança àqueles que pregam o discurso do ódio e do medo. Votar em Marina é dar um basta nos conchavos espúrios que reabilitaram velhos coronéis da política brasileira, transformados em fiéis aliados do lulopetismo.
Votar em Marina, enfim, é escolher a alternativa mais competitiva do campo das oposições para o duro enfrentamento com Dilma no 2º turno, hoje cada vez mais consolidado. Afinal, é Marina quem tem as maiores chances de tirar o PT do governo e mandá-lo de volta à oposição.
Votar em Marina é votar pelo resgate de valores éticos enxovalhados nesses tempos de Lula e Dilma e pela perspectiva de que o Brasil volte a ter um governo pluralista, democrático e republicano. Sem ódio e sem medo, com coragem e dignidade, um novo país emergirá da mudança.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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