• Tucano reage a denúncia sobre nepotismo dizendo que irmão da presidente foi funcionário fantasma em prefeitura de aliado; petista menciona que rival se recusou a fazer teste do bafômetro em blitz
Carla Araújo, Elizabeth Lopes, Pedro Venceslau, Ricardo Galhardo e Iuri Pitta - O Estado de S. Paulo
No segundo debate do 2.º turno, realizado no começo da noite desta quinta-feira, 16, por SBT, UOL e Jovem Pan, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) novamente gastaram mais tempo com ataques do que com propostas. A diferença é que acusações de que o outro estava “mentindo”, casos envolvendo familiares e temas pessoais vieram com mais intensidade que dois dias antes, na Band.
Dilma defendeu-se logo na primeira pergunta de Aécio sobre irregularidades na Petrobrás para financiar o PT citando escândalos envolvendo tucanos. Na última pergunta do primeiro bloco, a petista voltou a questionar o adversário sobre a contratação de parentes quando era governador de Minas e sobre o gasto com publicidade destinado a três emissoras de rádio e um jornal pertencentes à família dele.
Aécio alegou que sua irmã, Andrea Neves, atuou no órgão de voluntariado do governo e não era remunerada. Em seguida, veio o troco: o tucano acusou o irmão de Dilma, Igor Rousseff, de ter sido funcionário fantasma na prefeitura de Belo Horizonte de 2003 a 2006, na gestão Fernando Pimentel (PT), amigo pessoal de Dilma e, na época, aliado político de Aécio.
“Eu não queria chegar a este ponto. Igor Rousseff, seu irmão, foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar. A minha irmã trabalha muito e não recebe nada. O seu irmão recebe e não trabalha. A senhora diz que não nomeia parentes, mas a senhora pede para seus aliados nomearem”, afirmou o tucano.
“A sua irmã e meu irmão não podem estar no mesmo governo que nós estamos. Ou seja, dentro do governo federal e no governo de Minas não pode haver parentes. Isso é nepotismo”, respondeu Dilma. Pimentel, que foi eleito governador de Minas, divulgou após o debate vídeo dizendo que Aécio deu uma “informação de forma leviana e distorcida” e que o advogado Igor Rousseff trabalhou com “regularidade e eficiência” em seu gabinete.
Corrupção. Veio o primeiro intervalo, e os assessores levaram mais munição aos candidatos. Dilma abriu o bloco citando notícia divulgada momentos antes de que o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa disse ter dado dinheiro para pagamento de propina ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. O objetivo era esvaziar uma CPI criada em 2009 pelo Senado para apurar irregularidades na estatal. Guerra, que integrava essa comissão, morreu em março.
Aécio disse defender a apuração de irregularidades contra qualquer pessoa, ao contrário do PT.
“Pela primeira vez você dá importância às denúncias da Petrobrás. Porém, parte do dinheiro ia para o tesoureiro do seu partido e ele não foi afastado”, afirmou. “Se a senhora não tem receio em ir a fundo, por que seu partido e aliados impediram o (João) Vaccari de ir dar explicações na CPI? Ele é o tesoureiro do seu partido e responsável pela verba de sua campanha. Todos os investigados devem ser punidos.”
Na réplica, Dilma acusou o adversário de ter “dois pesos e duas medidas”. “O senhor gosta muito de culpar a todos. Quando chega no ex-presidente do seu partido o senhor diz que tem de investigar o PT. Temos que investigar todos.”
Violência. Na sequência, Aécio e Dilma chegaram a travar debate sobre violência e propostas para a segurança pública. Também abordaram questões de mobilidade urbana e programas sociais, mas os projetos e as realizações se perdiam em meio às acusações de que um falava “inverdades” e o outro, “mentiras”.
Pelo sorteio, Dilma foi escolhida para abrir o último bloco e usou dados de mortes no trânsito para questionar se Aécio acha que “todo cidadão deve se dispor a fazer exame” no bafômetro.
“Tenha coragem de fazer a pergunta direta”, rebateu Aécio. “Eu tive um episódio sim, em que me recusei a fazer o teste do bafômetro. Minha carteira estava vencida. Eu me arrependi, diferente da senhora, que não se arrepende de nada.”
A petista acusou o tucano de “diminuir” a Lei Seca. “Todos os dias, pessoas morrem por conta de um motorista que dirigia embriagado. Não é porque o senhor passou por uma experiência própria que pergunto isso, mas porque acredito que ninguém pode dirigir sob efeito do álcool ou drogado. Por isso a Lei Seca é de importância para o debate político.”
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